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Audiência: ser pobre em espírito é ser livre para amar

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Audiência: ser pobre em espírito é ser livre para amar

 

A catequese do Papa Francisco foi dedicada à primeira bem-aventurança proclamada por Jesus: bem-aventurados os pobres em espírito.

 

A Sala Paulo VI acolheu esta quarta-feira (05/02) milhares de fiéis e peregrinos que vieram ao Vaticano para a Audiência Geral.

Audiência Geral Papa Francisco - Foto: Vatican Media

Audiência Geral Papa Francisco – Foto: Vatican Media

 

Na semana passada, o Papa Francisco anunciou um novo ciclo de catequeses dedicado às bem-aventuranças e hoje comentou a primeira das oito proclamadas por Jesus:  bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mt 5, 3).

 

O Pontífice começou explicando o significado de “pobres”: aqui não se trata simplesmente de uma pobreza material, mas de ser pobres em espírito. O espírito, segundo a Bíblia, é o sopro da vida que Deus comunicou a Adão, é a nossa dimensão mais íntima, a dimensão espiritual, a que nos torna pessoas humanas, o núcleo profundo do nosso ser. Portanto, os “pobres em espírito” são aqueles que são e se sentem pobres, mendicantes, no íntimo de seu ser.

 

“Quantas vezes ouvimos o contrário! É preciso ser alguém, ser alguém… é disto que nasce a solidão e a infelicidade: se devo ser ‘alguém’, estou competindo com os outros e vivo na preocupação obsessiva pelo meu ego. Se não aceito ser pobre, sinto ódio por tudo aquilo que recorda a minha fragilidade.”

 

Digerir os próprios limites

 

Diante de si, cada um sabe que, por mais que faça, permanece sempre radicalmente incompleto e vulnerável. Não tem truque que cubra essa vulnerabilidade. Cada um de nós é vulnerável dentro. Mas como se vive mal rejeitando os próprios limites! Vive-se mal, não se digere o limite. Está ali. As pessoas orgulhosas não pedem ajuda porque querem se mostrar autossuficientes. Quantos precisam de ajuda, mas o orgulho lhes impede de pedir ajuda. E quanto é difícil admitir um erro e pedir perdão!

 

Francisco recordou que quando dá um conselho aos recém-casado sobre como levar avante o matrimônio, diz três palavras mágicas: com licença, obrigado, desculpa. “Palavras que vêm da pobreza.” “Os casais me dizem que a terceira é a mais difícil, porque quem é orgulhoso não consegue perdir desculpa, tem sempre razão. Não é pobre.”

 

Cansaço de pedir perdão

 

Ao invés, o Senhor jamais se cansa de perdoar; somos nós que nos cansamos de pedir perdão. “O cansaço de pedir perdão é uma doença ruim.”

 

Pedir perdão, acrescentou o Papa, humilha a nossa imagem hipócrita, mas Jesus nos recorda que ser pobres é uma ocasião de graça e nos mostra o caminho para sair desta angústia de se mostrar perfeito. Nos foi dado o direito de ser pobres em espírito, porque este é o caminho do Reino de Deus.

 

Mas se deve reiterar algo fundamental: não devemos nos transformar para nos tornar pobres em espírito, porque já o somos! Precisamos de tudo. Somos todos pobres em espírito, mendicantes. É a condição humana.

 

Os reinos deste mundo caem

 

O Reino de Deus é dos pobres em espírito, mas há também os reinos deste mundo, feitos de pessoas com posses e comodidades. Mas são reinos que acabam. O poder dos homens, inclusive os maiores impérios, passam e desaparecem. “Mas vemos na televisão, nos jornais, governantes fortes, poderosos, mas caíram. Ontem eram, hoje não são mais. As riquezas deste mundo vão embora, também o dinheiro. O sudário não tinha bolsos. Nunca vi atrás de um cortejo fúnebre um caminhão de mudanças.”

 

Reina realmente quem sabe amar o verdadeiro bem mais que a si mesmo. Este é o poder de Deus. Cristo se mostrou poderoso porque soube fazer o que os reis da terra não fazem: dar a vida pelos homens.

 

“Este é o poder verdadeiro: poder da fraternidade, da caridade, do amor, da humildade. Isso fez Cristo. Nisto está a verdadeira liberdade. Quem tem os poderes da humildade, do serviço, da fraternidade, é livre.”

 

O Papa então concluiu:

“Há uma pobreza que devemos aceitar, a do nosso ser, e uma pobreza que, ao invés, devemos buscar, aquela concreta, das coisas deste mundo, para ser livres e poder amar. Sempre buscar a liberdade do coração, aquela que tem raízes na pobreza de nós mesmos.”

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa: uma sociedade é “civil” se combate a “cultura do descarte”

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Papa: uma sociedade é “civil” se combate a “cultura do descarte”

 

Nesta quinta-feira (30), ao receber a Congregação para a Doutrina da Fé, o Papa Francisco falou do valor intangível da vida humana, do cuidado dos doentes nas fases críticas e terminais, e da necessidade de reescrever a “gramática” ao assumir e cuidar da pessoa que sofre. Presente na audiência no Vaticano, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

 

O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã desta quinta-feira (30), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes da assembleia plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, inclusive, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

A preciosidade da vida humana - Foto: Vatican Media

A preciosidade da vida humana – Foto: Vatican Media

 

As palavras do Pontífice foram dedicadas ao cuidado das pessoas nas fases críticas e terminais da vida, além da urgência de “converter o olhar do coração” à luz da compaixão. O Papa sublinhou o bem que fazem os asilos, onde se pratica a “terapia da dignidade”. Francisco exortou, então, a prosseguir com firmeza o estudo em relação à revisão das normas sobre delicta graviora, contidas no Motu proprio “Sacramentorum sanctitatis tutela”, de João Paulo II, para seguir na estrada da transparência e do respeito da dignidade dos menores.

 

A doutrina, uma realidade dinâmica

 

O Pontífice começou o discurso agradecendo pelo trabalho desenvolvido a serviço da Igreja na promoção e tutela da integridade da doutrina cristã – que não é “um sistema rígido e fechado em si” e nem mesmo “uma ideologia”. O Papa descreveu o conceito como sendo uma “realidade dinâmica”, que se “renova de geração em geração” e se resume “num rosto, num corpo e num nome: Jesus Cristo Ressuscitado”.

 

“Graças ao Senhor Ressuscitado, a fé se abre ao próximo e às suas necessidades, daquelas menores até as maiores. Por isso, a transmissão da fé exige que se considere o seu destinatário, que se conheça ele e o ame efetivamente.”

 

O tema da preciosidade da vida humana

 

O Papa Francisco então discorreu sobre o contexto sociocultural vivido atualmente com o enaltecimento da “eficiência e utilidade” da vida humana e a “perda dos valores autênticos” em detrimento aos “deveres imperativos da solidariedade e da fraternidade” que rendem a vida preciosa. O Pontífice explicou:

“Na realidade, uma sociedade merece a qualificação de ‘civil’ se desenvolve os anticorpos contra a cultura do descarte; se reconhece o valor intangível da vida humana; se a solidariedade é efetivamente praticada e protegida como fundamento da convivência. Quando a doença bate à porta da nossa vida, aflora sempre mais em nós a necessidade de ter próximo alguém que nos olhe nos olhos, que segure a mão, que manifeste a sua ternura e cuide de nós, como o Bom Samaritano da parábola evangélica (Mensagem para XXVIII Dia Mundial do Enfermo, 11/02/2020).”

 

A “gramática” da cura

 

O Papa então recordou o quanto é importante a compaixão, “um refrão” no Evangelho, e a presença de um Bom Samaritano, uma “plataforma humana de relações”, que abrem à esperança, bálsamo para acalmar o “desconforto emotivo” e a “angústia espiritual”. “Não abandonar jamais ninguém”, sublinhou Francisco, “em presença de maus incuráveis. A vida humana, devido o seu destino eterno, conserva todo o seu valor e toda a sua dignidade em qualquer condição, inclusive de precariedade e fragilidade, e, como tal, é sempre digna da máxima consideração”.

 

“O tema do cuidado dos doentes, nas fases críticas e terminais da vida, chama em causa a tarefa da Igreja de reescrever a ‘gramática’ do assumir e do cuidar da pessoa que sofre. O exemplo do Bom Samaritano ensina que é necessário converter o olhar do coração porque, muitas vezes, quem olha não vê. Por quê? Porque falta a compaixão. Sem a compaixão, quem olha não se sente envolvido naquilo que observa e passa além; ao contrário, quem tem o coração compassivo é tocado e envolvido, se detém e cuida.”

 

A terapia da dignidade

 

“Quem, no caminho da vida, acendeu também apenas uma chama na hora escura de alguém não viveu em vão”: Francisco citou Santa Teresa de Calcutá para desenhar “o estilo da proximidade e da partilha”, “tornando mais humano o morrer”. Uma tarefa importante que hoje realizam os asilos.

 

“A esse propósito, penso quanto bem fazem os asilos para os cuidados paliativos, onde os doentes terminais são acompanhados com um qualificado apoio médico, psicológico e espiritual, para que possam viver com dignidade, confortados da proximidade das pessoas queridas, a fase final da vida terrena deles. Desejo que tais centros continuem a ser lugares nos quais se pratiquem com empenho a ‘terapia das dignidade’, alimentando assim o amor e o respeito pela vida.”

 

Rigor e transparência

 

O Pontífice ainda expressou apreço pelo estudo iniciado sobre a revisão das normas sobre os delicta graviora, contidas no Motu proprio “Sacramentorum sanctitatis tutela”, de São João Paulo II. Um empenho que se coloca na direção de uma atualização da normativa para tornar mais eficazes os procedimentos à luz das novas situações e problemáticas do atual contexto sociocultural.

 

“Exorto vocês a prosseguir com firmeza nessa tarefa para oferecer uma contribuição válida num âmbito em que a Igreja está diretamente envolvida a prosseguir com rigor e transparência no tutelar a santidade dos Sacramentos e a dignidade humana violada, especialmente dos pequenos.”

 

Enfim, Francisco parabenizou o documento elaborado pela Pontifícia Comissão Bíblica sobre os temas fundamentais da antropologia bíblica que aprofunda “uma visão global do projeto divino, iniciado com a criação e que encontra a sua realização em Cristo, o Homem novo”, “a chave, o centro e o fim de toda a história humana”.

 

Benedetta Capelli, Andressa Collet – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa: viver e julgar com o estilo misericordioso do cristão

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Papa: viver e julgar com o estilo misericordioso do cristão

 

O nosso estilo de vida, o nosso modo de julgar os outros deve ser plenamente cristão, isto é, generoso e repleto de amor, e não motivo de humilhações, porque com a mesma medida com a qual julgamos, também nós seremos julgados ao final da nossa existência. Foi o que evidenciou o Pontífice ao pronunciar a homilia na missa celebrada na Casa Santa Marta, comentando o Evangelho do dia, extraído de Marcos.

 

A página que o Evangelho de Marcos (Mc 2, 21-25) nos propõe hoje é rica de frases e conselhos de Jesus. O Papa Francisco escolhe uma para refletir na sua homilia na capela da Casa Santa Marta, num diálogo constante com os fiéis presentes: “Com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos”.

Papa Francisco na Casa Santa Marta - Foto: Vatican Media

Papa Francisco na Casa Santa Marta – Foto: Vatican Media

 

A medida do estilo cristão

 

Todos nós, afirmou o Papa, fazemos as contas com a vida, fazemos no presente e, sobretudo, faremos ao final da nossa existência, e esta frase de Jesus nos diz justamente “como será aquele momento”, isto é, como será o juízo.

 

Enquanto o trecho das Bem-aventuranças e o capítulo 25 do Evangelho de Mateus falam das “coisas que devemos fazer”, o Evangelho de hoje mostra como fazê-las, o estilo e a medida:

Com qual medida eu meço os outros? Com qual medida meço a mim mesmo? É uma medida generosa, repleta do amor de Deus ou é uma medida rasa? E com aquela medida eu serei julgado, não será outra: com aquela, aquela que eu faço. Qual é o nível em que coloquei a minha trave? Coloquei no alto? Devemos pensar nisso. E isso o vemos não só nas coisas boas ou más que fazemos, mas no estilo contínuo de vida.

 

O modelo do estilo cristão: Deus que humilha a si mesmo 

 

O Papa destacou que cada um de nós tem um estilo, “um modo de medir a si mesmo, as coisas e os outros” e será o mesmo que o Senhor usará conosco.  Portanto, explicou, quem mede com egoísmo, assim será medido; quem não tem piedade e que para subir na vida “é capaz de pisar na cabeça de todos”, será julgado do mesmo modo, isto é, “sem piedade”. O contrário disto é o estilo de vida do cristão, que Francisco assim propôs:

E como cristão eu me pergunto qual é a medida de referência, a medida de comparação para saber se estou num nível cristão, um nível que Jesus quer? É a capacidade de me humilhar, é a capacidade de sofrer as humilhações. Um cristão que não é capaz de carregar consigo as humilhações da vida, lhe falta algo. É um cristão de verniz ou de interesse. “Mas, padre, por que isto?”. Porque Jesus fez assim, ele mesmo se aniquiliou, assim diz Paulo: “humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!”. Ele era Deus, mas não se agarrou a isto: humilhou-se a si mesmo. Este é o modelo.

 

Mundanos, pecadores, empreendedores ou cristãos?

 

E como exemplo de um estilo de vida definido “mundano” e incapaz de seguir o modelo de Jesus, o Papa citou as “lamentações” que lhe referem os bispos quando têm dificuldades para transferir os sacerdotes de paróquia, porque consideradas “de categoria inferior” e não superior como eles aspiram e, portanto, vivem esta transferência como uma punição.

 

Francisco então comentou como reconhecer o “meu estilo”, o “meu modo de julgar” segundo o comportamento que assumo diante das humilhações: “um modo de julgar mundano, um modo de julgar pecador, um modo de julgar empresarial ou um modo de julgar cristão”:

Com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos”, a mesma medida. Se é uma medida cristã, que segue Jesus no seu caminho, (com) a mesma serei julgado, com muita, muita, muita piedade, com muita compaixão, com muita misericórdia. Mas se a minha medida é mundana e só uso a fé cristã – sim, faço, vou à missa, mas vivo como mundano – serei medido com esta medida. Peçamos ao Senhor a graça de viver de modo cristão e, sobretudo, de não ter medo da cruz, das humilhações, porque este é o caminho que Ele escolheu para nos salvar e isto é o que garante que a minha medida é cristã: a capacidade de carregar a cruz, a capacidade de sofrer alguma humilhação. 

 

 

Gabriella Ceraso – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Santa Sé assegura apoio a soluções negociadas no Oriente Médio

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Santa Sé assegura apoio a soluções negociadas no Oriente Médio

 

O fio condutor das palavras do representante vaticano na Onu foi o recente discurso do Papa Francisco ao Corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé, no qual o Santo Padre renovou sua preocupação por esta Região do mundo, de onde desde o início do ano continuam chegando notícias preocupantes.

 

O encarregado da missão do observador permanente da Santa Sé junto à Onu em Nova York, Mons. Fredrik Hansen, pronunciou-se com uma declaração na quarta-feira (22/01) no debate aberto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizado nos dias 21 e 22 de janeiro sobre a situação no Oriente Médio e a questão palestina.

Jerusalém - Foto: Vatican Media

Jerusalém – Foto: Vatican Media

 

A Santa Sé assegura à comunidade internacional seu apoio para as iniciativas voltadas ao progresso das “soluções negociadas” e seu compromisso em favor da paz.

 

Diálogo e abordagem holística para crise da Região

 

O fio condutor de suas palavras foi o recente discurso do Papa Francisco ao Corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé (09/01), no qual o Santo Padre renovou sua preocupação por esta Região do mundo, de onde desde o início do ano continuam chegando notícias preocupantes.

 

Em particular, a referência era o aumento da tensão entre o Irã e os EUA, bem como a crise no Iraque e Líbano, com o risco de “criar as bases de um conflito de mais vasta escala que todos queremos poder esconjurar”, afirmava.

 

Portanto, é da “máxima importância”, disse Mons. Hansen, que estes desafios sejam enfrentados com abordagem holística, bem como o compromisso da comunidade internacional no âmbito de um diálogo aberto e construtivo, baseado nos princípios nos quais as Nações Unidas foram construídas 75 anos atrás.

 

Manter o status quo sobre os lugares santos

 

O representante vaticano evidenciou ainda que a Santa Sé e o Papa continuam mantendo uma atenção particular pela Cidade Santa de Jerusalém, “a sua vocação de cidade da paz”. Em seguida, ressaltou o apelo, feito repetidamente também por esta Organização, a “manter o status quo dos lugares santos de Jerusalém, estimados por judeus, cristãos e muçulmanos”, e importantes para o patrimônio cultural de toda a família humana.

 

A urgência de que toda a comunidade internacional reconfirme seu compromisso em apoio ao processo de paz palestino-israelense tinha sido evidenciada com força pelo Papa no referido discurso ao Corpo diplomático. E o secretário geral no Relatório de dezembro dizia que a triste alternativa é que a situação é destinada a piorar constantemente, “diminuindo ulteriormente a viabilidade da solução de dois Estados” baseada nos limites territoriais de 1967.

 

Poderia aplicar-se a toda a região o que o Papa Francisco afirmou recentemente em relação a Israel e à Palestina. E no mundo inteiro – no limiar dos 75 anos da Onu –, onde muitas pessoas se encontram em dificuldade e esperam paz, segurança e prosperidade.

 

Síria e Iêmen

 

O olhar do Papa tinha se dirigido também à Síria. É preciso contrastar “o véu de silêncio que corre o risco de estender-se sobre a guerra que devastou” o país na última década, pedia o Papa exortando a encontrar soluções adequadas para permitir “ao amado povo sírio” reencontrar a paz e para a reconstrução”.

 

Mons. Hansen ressaltou que o Papa Francisco se preocupa também com a indiferença ao conflito no Iêmen, que está sofrendo uma das crises humanitárias mais graves da história recente.

 

Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

O Papa: batizar desde criança, para crescer com a força do Espírito Santo

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O Papa: batizar desde criança, para crescer com a força do Espírito Santo

 

A criança sai do Batismo com a força do Espírito Santo dentro de si: “o Espírito que a defenderá, a ajudará durante toda a vida. Por isso é tão importante batizá-las desde crianças, para que cresçam com a força do Espírito Santo”, disse o Papa Francisco na missa do domingo (12/01), festa do Batismo do Senhor.

 

Batizar um filho é um ato de justiça, para ele. E por qual motivo? Porque nós no Batismo lhe damos um tesouro, nós no Batismo lhe damos um penhor: o Espírito Santo. Foi o que disse o Papa Francisco na missa na manhã do domingo (12/01), festa do Batismo do Senhor, celebrada na esplêndida moldura da Capela Sistina, com o rito do Batismo das crianças.

Papa Francisco - Santa Missa na Festa do Batismo do Senhor - Foto: Vatican Media

Papa Francisco – Santa Missa na Festa do Batismo do Senhor – Foto: Vatican Media

 

Batizado de 32 recém-nascidos: 15 meninas e 17 meninos

 

De fato, como se dá habitualmente todos os anos nesta festa litúrgica que encerra o período do Natal, este ano o Santo Padre batizou 32 crianças: 15 meninas e 17 meninos.

 

Como Jesus foi batizar-se, assim também vocês trouxeram seus filhos para o Batismo, disse o Papa dirigindo-se aos pais.

 

Já no início da celebração, o diálogo de Francisco com os pais, padrinhos e madrinhas, com as perguntas próprias do rito do Batismo, e antes do sacramento, a renovação dos compromissos batismais.

 

Crescer com a luz do Espírito Santo

 

A criança sai do Batismo com a força do Espírito Santo dentro de si: “o Espírito que a defenderá, a ajudará durante toda a vida. Por isso é tão importante batizá-las desde crianças, para que cresçam com a força do Espírito Santo”, disse o Pontífice na homilia da celebração.

 

Está é a mensagem que eu gostaria de dar hoje a vocês, frisou Francisco. Vocês trazem seus filhos hoje, a fim de que tenham dentro o Espírito Santo. E cuidem para que “cresçam com a luz, com a força do Espírito Santo, através da catequese, da ajuda, do ensinamento, dos exemplos que vocês darão em casa. Esta é a mensagem”, acrescentou.

 

O choro de uma criança na igreja: uma bela oração

 

O Pontífice lembrou ainda que as crianças não estavam habituadas a vir à capela Sistina, num ambiente fechado um pouco quente, com tantas roupas para uma festa tão bonita. A qualquer momento poderão se sentir incomodadas e começarão a chorar. Não se assustem, deixem-nas chorar e gritar, se estiver com fome, pode amamentá-las, sempre em paz, disse ainda tranquilizando assim os pais, padrinhos e familiares presentes.

 

“É uma coisa bonita quando uma criança chora na igreja, é uma bela oração. Façam de modo que se sintam bem e sigamos adiante.” Não se esqueçam: as crianças levam o Espírito Santo dentro de si, reiterou por fim.

 

 

Raimundo de Lima – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Apelo do Papa aos EUA e Irã: manter diálogo e autocontrole no respeito da legalidade

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Apelo do Papa aos EUA e Irã: manter diálogo e autocontrole no respeito da legalidade

“Renovo o meu apelo a todas as partes interessadas para que evitem um agravamento do conflito e mantenham acesa a chama do diálogo e do autocontrole”: este foi um dos trechos mais incisivos do discurso do Papa Francisco ao corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé.

 

A crise entre Estados Unidos e Irã, as queimadas na Austrália, o impasse na Venezuela, a proteção do meio ambiente: todos os temas candentes da atualidade estiveram presentes num dos discursos mais aguardados do ano do Papa Francisco, isto é, ao corpo diplomático.

Apelo do Papa aos EUA e Irã - Foto: Vatican Media

Apelo do Papa aos EUA e Irã – Foto: Vatican Media

 

Na Sala Regia, estavam presentes os embaixadores dos 183 países com os quais a Santa Sé mantém relações diplomáticas, entre os quais o Brasil.

 

A longa e minuciosa análise do Pontífice partiu da palavra esperança: “Infelizmente, o novo ano aparece-nos constelado não tanto de sinais encorajadores, como sobretudo duma intensificação de tensões e violências. É precisamente à luz destas circunstâncias que não podemos cessar de esperar. E esperar exige coragem”.

 

América

A partir daí, o Papa lembrou cada uma de suas viagens apostólicas em 2019 para passar em resenha todos os continentes, começando pela América. No Panamá, em janeiro, ele visitou o país por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

 

A primeira lembrança de Francisco, porém, foi a de jovens abusados por membros do clero. “Trata-se de crimes que ofendem a Deus, causam danos físicos, psicológicos e espirituais às vítimas e lesam a vida de comunidades inteiras.” O Papa reiterou o compromisso da Igreja em debelar esta chaga e os esforços que vem fazendo, como, por exemplo, o encontro realizado em fevereiro com os presidentes de todas as Conferências Episcopais. E olhando para o futuro, citou o evento marcado para o próximo mês de maio, para um novo pacto educativo global.

 

Discurso do Papa Francisco ao corpo diplomático

 

Falar dos jovens é falar ainda do protagonismo que assumiram recentemente na defesa do meio ambiente.

 

A esse ponto, o Papa recordou o Sínodo Amazônico, realizado no Vaticano em outubro passado. “O Sínodo foi um evento essencialmente eclesial”, afirmou, mas “não podia eximir-se de abordar outras temáticas – a começar pela ecologia integral – que dizem respeito à própria vida daquela região tão vasta e importante para todo o mundo, uma vez que a floresta amazónica é um ‘coração biológico’ para a terra cada vez mais ameaçada”.

 

Ainda no continente americano, Francisco mencionou explicitamente a Venezuela e criticou as polarizações ideológicas, fazendo a seguinte análise:

“Em geral, os conflitos da região americana, embora possuindo raízes diferentes, são irmanados pelas profundas desigualdades, as injustiças e uma endêmica corrupção, bem como pelas várias formas de pobreza que ofendem a dignidade das pessoas. Por isso, os líderes políticos esforcem-se por restabelecer, urgentemente, uma cultura do diálogo em prol do bem comum e por fortalecer as instituições democráticas e promover o respeito pelo estado de direito, a fim de prevenir deslizes antidemocráticos, populistas e extremistas.”

 

Oriente Médio

 

Ao falar da viagem ao Marrocos e aos Emirados Árabes Unidos, ocasião em que assinou o Documento sobre a Fraternidade Humana com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad al-Tayyeb, o Pontífice enquadrou uma das situações mais explosivas do planeta: o Oriente Médio e a península arábica. Síria, Iêmen, Líbia, Israel e Palestina foram citados, mas a atenção de Francisco se concentrou sobre o que aconteceu recentemente no Iraque:

“Particularmente preocupantes são os sinais que chegam de toda a região, após a recrudescência da tensão entre o Irã e os Estados Unidos que se arrisca, antes de tudo, a colocar a dura prova o lento processo de reconstrução do Iraque, bem como a criar as bases dum conflito de mais vasta escala que todos quereríamos poder esconjurar. Por isso, renovo o meu apelo a todas as partes interessadas para que evitem um agravamento do conflito e mantenham «acesa a chama do diálogo e do autocontrole», no pleno respeito da legalidade internacional.”

 

Europa

 

Depois, foi a vez da Europa e as viagens à Bulgária,  Macedônia do Norte e Romênia. O Papa não esqueceu dos migrantes e refugiados, constatando que o Mediterrâneo permanece um grande cemitério. Falou das tensões no Cáucaso, nos Bálcãs e na Ucrânia e citou uma série de datas comemorativas: os 45 anos da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), os 70 anos do Conselho Europeu, os 30 anos da queda do Muro de Berlim:

“O Muro de Berlim permanece emblemático duma cultura da divisão que afasta as pessoas umas das outras e abre caminho ao extremismo e à violência. Vemo-lo sempre mais na linguagem de ódio amplamente usada na internet e nos meios de comunicação social. Às barreiras do ódio, preferimos as pontes da reconciliação e da solidariedade.”

 

Outro fato que mereceu uma menção por parte de Francisco foi o incêndio que destruiu a Catedral de Notre Dame, em Paris, que “mostrou como é frágil e fácil destruir até o que parece sólido” e trouxe à tona o tema dos valores históricos e culturais da Europa. “Num contexto onde faltam valores de referência, torna-se mais fácil encontrar elementos de divisão que de coesão.”

Papa reunido com o corpo diplomático - Foto: Vatican Media

Papa reunido com o corpo diplomático – Foto: Vatican Media

 

África

 

A África ganhou destaque ao fazer memória de suas viagens a Moçambique, Madagascar e Maurício, ressaltando os sinais de paz e de reconciliação. Todavia, o Papa manifestou o seu pesar pela violência e atos de terrorismo em Burkina Faso, Camarões, Mali, Níger, Nigéria, República Centro-Africana e Sudão, inclusive com cristãos pagando com a vida a sua fidelidade ao Evangelho. E mais uma vez manifestou publicamente seu desejo de visitar o Sudão do Sul este ano.

 

Por fim, a viagem à Tailândia e Japão. A atenção se concentrou sobre o testemunho dos hibakusha, isto é, os sobreviventes aos bombardeios atômicos em Hiroshima e Nagasaki. Francisco voltou a repetir que o uso das armas atômicas é imoral e que é possível e necessário livrar-se desses armamentos.

 

Austrália

 

A última nação citada pelo Pontífice foi a Austrália, que vem sofrendo com os incêndios nos últimos meses.

 

“Ao povo australiano, especialmente às vítimas e a quantos vivem nas regiões atingidas pelos fogos, desejo certificá-los da minha proximidade e oração.”

 

Além de se debruçar sobre situações inerentes aos países, o Papa recordou ainda os 75 anos da Organização das Nações Unidas, cujo serviço até aqui foi um “sucesso”, especialmente para evitar outra guerra mundial, mas que hoje necessita de uma reforma geral para torná-la ainda mais eficaz.

 

Mulheres

 

Outra data que inspirou o Pontífice foram os 500 anos da morte do artista italiano Rafael Sanzio, que tinha como um de seus temas preferidos retratar Nossa Senhora. E lembrou que a Igreja celebra em 2020 os 70 anos da proclamação dogmática da Assunção da Virgem Maria ao Céu.

 

“Com o olhar posto em Maria, desejo dirigir uma saudação particular a todas as mulheres, 25 anos depois da IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Mulher, realizada em Pequim no ano de 1995, com votos de que em todo o mundo se reconheça cada vez mais o precioso papel das mulheres na sociedade e cessem todas as formas de injustiça, desigualdade e violência contra elas.”

 

Francisco recordou que “toda a violência infligida à mulher é profanação de Deus”, “um crime que destrói a harmonia, a poesia e a beleza que Deus quis dar ao mundo”.

 

Diplomacia

 

A justiça e a paz, finalizou o Pontífice, serão totalmente restabelecidas no final do caminhar terreno. Até lá, a diplomacia é a tentativa humana – “imperfeita, mas sempre preciosa” – para se alcançar esses frutos.

 

“Com este compromisso, renovo a todos vocês, queridos Embaixadores e ilustres convidados aqui reunidos, e aos seus  países, os meus votos cordiais de um novo ano cheio de esperança e repleto de bênçãos.”

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

O realismo e a esperança

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O realismo e a esperança

 

As palavras-chave do discurso do Papa Francisco ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé

 

No discurso do Papa Francisco sobre a “situação do mundo” deste ano, o que chamou a atenção em particular, foram as palavras dedicadas à crescente tensão entre o Irã e os Estados Unidos. O Papa, que já falara sobre o assunto no domingo 5 de janeiro, reforça o apelo para evitar que aumente ainda mais o conflito mantendo acesa “a chama do diálogo do auto-controle no pleno respeito da legalidade internacional”. Um chamado que vale para todas as partes em causa e que reflete, com realismo, sobre o risco de levar o Oriente Médio e o mundo inteiro em um conflito de consequências incalculáveis.

Felicitações de Ano Novo ao Corpo Diplomático Felicitações de Ano Novo ao Corpo Diplomático - Foto: Vatican Media

Felicitações de Ano Novo ao Corpo Diplomático Felicitações de Ano Novo ao Corpo Diplomático – Foto: Vatican Media

 

Mesmo se hoje, justamente, os refletores estejam apontados na crise EUA e Irã e no ulterior risco que representa para o instável Iraque que sofre com guerras e terrorismo, Francisco não simplifica a realidade. E recorda muitas outras guerras e violências muitas vezes esquecidas. Denuncia a capa de silêncio dobre o destino da martirizada Síria, denuncia o conflito no Iêmen que passa por uma crise humanitária gravíssima na indiferença da comunidade internacional. Cita a Líbia, mas também a violência em Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria. Recorda as violências contra as pessoas inocentes entre as quais também muitos cristãos mortos pela sua fé no Evangelho, vítimas do terrorismo e do fundamentalismo.

 

Não pode deixar de impressionar quem ouviu ou leu a longa e detalhada lista das crises – incluindo as da América Latina causadas por injustiças e corrupção endêmica – o fato que Francisco tenha iniciado o seu discurso com um olhar de esperança, a esperança que para os cristãos é um virtude fundamental, mas não pode ser dissociada do realismo. Esperar, explicou o Papa, exige que se chame os problemas pelo seu nome e que se tenha a coragem de enfrentá-los. Sem esquecer os desastres provocados pelas guerras combatidas há anos e suas devastações. Sem esquecer o absurdo e a imoralidade da corrida ao rearmamento nuclear e o risco concreto da autodestruição do mundo. Sem esquecer a falta de respeito pela vida e a dignidade humana; a falta de comida, água e saneamento que muitas populações sofrem, a crise ecológica que muita gente ainda hoje finge que não vê.

 

Mas pode-se esperar, porque em um mundo que parece condenado ao ódio e aos muros, há mulheres e homens que não se rendem às divisões e não olham para outro lado diante dos que sofrem. Porque há líderes que pertencem a várias religiões que se encontram e tentam construir um mundo de paz. Porque há jovens que buscam sensibilizar os adultos sobre os riscos que corre a criação, porque está indo para um caminho sem volta. Pode-se esperar porque na noite de Belém Deus, Todo Poderoso, escolheu fazer-se menino, pequeno, frágil, humilde, para vencer e conquistar o mundo com o seu amor extraordinário e a sua misericórdia.

 

Andrea Tornielli – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

O 2019 do Papa Francisco: a certeza da fé e a luta contra as idolatrias

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O 2019 do Papa Francisco: a certeza da fé e a luta contra as idolatrias

 

Um ano intenso para Francisco, com muitas viagens e muitos encontros, com um objetivo: anunciar a Boa Nova da misericórdia de Deus.

 

Também neste ano, o Papa Francisco nos presenteou com uma catequese simples, para todos, sobre o amor de Deus. A missão mais importante é anunciar o Evangelho, disse ele, e neste 2019 ele o fez com as 41 Audiências Gerais (com os ciclos sobre o Pai Nosso e sobre os Atos dos Apóstolos, este último em andamento), 56 Angelus e Regina Caeli, mais de 60 homilias em celebrações públicas, 44 homilias na Santa Marta (isto sem falar nas mensagens, cartas, documentos, entrevistas que se tornaram livros e cerca de 260 discursos públicos).

Francisco recorda a todos que, na base da nossa vida, há uma certeza consoladora Deus nos ama e em Jesus deu a vida por nós - Foto: AFP or licensors

Francisco recorda a todos que, na base da nossa vida, há uma certeza consoladora Deus nos ama e em Jesus deu a vida por nós – Foto: AFP or licensors

 

Certezas, não confusão

 

Francisco recorda a todos que, na base da nossa vida, há uma certeza consoladora: Deus nos ama e em Jesus deu a vida por nós. Trata-se da mensagem central de toda a sua missão (Evangelii gaudium, texto programático do Pontificado de Francisco). Convida a recordar a “fé simples e robusta” das mães e avós, que “dava a elas força e perseverança para seguir em frente e não deixar cair os braços”, “uma fé caseira, que passa despercebida, mas que constrói pouco a pouco o reino de Deus”. Uma fé que não se deixa confundir, porque se baseia nos fundamentos do Evangelho.

 

Fé e idolatria

 

Francisco exorta a adorar o único verdadeiro Deus, Uno e Trino, em uma sociedade que se torna cada vez mais pagã. “A idolatria – disse ele – não é somente ir a um templo pagão e adorar uma estátua. Não, idolatria é uma atitude do coração”, é quando se prefere algo porque é mais cômodo para si e se esquece do Senhor. Os ídolos mudaram de nome, mas estão mais presentes do que nunca: o ídolo do dinheiro, do sucesso, da carreira, da auto realização, do prazer e todos aqueles ídolos que prometem felicidade, mas que não a dão, antes pelo contrário, escravizam, nos roubam o amor. Os ídolos prometem vida, mas a tiram – disse o Papa em uma bela catequese no ano passado – enquanto o verdadeiro Deus não pede a vida, mas a dá.

 

O fariseu dentro de nós não quer ser corrigido

 

Às vezes, as palavras do Papa são fortes, como sabia fazer Jesus. No fundo é o seu Vigário. Como ele, adverte em particular para o comportamento farisaico daqueles que se consideram justos, mais ortodoxos, melhores que os outros. É “a religião do eu”, com seus ritos e suas orações, daqueles que “se confessam católicos, mas esqueceram de ser cristãos e humanos”, esqueceram de prestar o “verdadeiro culto a Deus, que sempre passa pelo amor ao próximo”.

 

Francisco propõe o caminho da autoacusação: em todos nós – observa – ressurge sempre “o fariseu”, presunçoso, campeão em justificar-se. O caminho da fé é sempre o de ter a humildade de deixar-se corrigir.

 

Mansidão diante dos ataques

 

Como as palavras fortes de Jesus, também as do Papa têm um duplo efeito: ou se sai convertidos ou ainda mais endurecidos. Disto as resistências internas e os ataques. Francisco não teme um cisma, disse no voo de volta da África.

 

“Hoje – observa – temos tantas escolas de rigidez dentro da Igreja, que não são cismas, mas são caminhos cristãos pseudocismáticos, que terminarão mal”, porque por trás desse comportamento rígido “não há santidade do Evangelho”.

 

O Papa convida a responder ao mal com o bem, a “ser mansos com as pessoas que são tentadas a fazer esses ataques”, porque “estão passando por algum problema” e devem ser acompanhadas “com mansidão”.

 

Eles temem que a Igreja de hoje não seja mais católica, colocando palavras nunca ditas na boca do Pontífice: mas não mudou nenhum dogma, há somente um passo adiante na acolhida e na misericórdia; não foram canceladas devoções, há somente o convite para vivê-las com o coração. Com a exortação para caminhar unidos como povo, para que o desenvolvimento da doutrina esteja sempre unido à verdadeira Tradição. E fica uma pergunta: os cristãos conseguirão ser misericordiosos entre eles?

 

Sínodo para a Amazônia: conversão a Jesus, Ele é o centro

 

Em outubro passado realizou-se o Sínodo para a região Pan-Amazônica. O Papa repetiu muitas vezes a palavra “conversão”, que é o conceito que encontrou seu lugar no Documento final como a principal exortação da assembleia. O Sínodo pede uma conversão quádrupla: sinodal, porque a Igreja deve ser cada vez mais um caminhar juntos e não dividida ou sozinha; cultural, porque é necessário saber falar com as diferentes culturas; ecológica, porque a exploração egoísta do meio ambiente leva à destruição dos povos; pastoral, porque o anúncio do Evangelho é urgente.

 

Na base dessas quatro conversões há a única conversão ao Evangelho vivo, que é Jesus. A verdadeira conversão é colocar-se de lado – diz Francisco – sair do centro, colocar Cristo no centro e deixar que o Espírito Santo seja o protagonista de nossa vida.

 

Lutar contra os abusos, dentro e fora da Igreja

Papa Francisco na acolhida no Palácio Presidencial em Bangcoc - Foto: AFP or licensors

Papa Francisco na acolhida no Palácio Presidencial em Bangcoc – Foto: AFP or licensors

 

Pode-se definir como histórico o encontro realizado em fevereiro no Vaticano: os responsáveis das Igrejas de todos os continentes trataram do flagelo dos abusos de menores, cometidos na esfera eclesial, e fizeram isso diante do mundo inteiro com coragem e transparência.

 

No discurso de encerramento do encontro, Francisco recorda, citando dados, que a maior parte dos abusos são cometidos por familiares e educadores, portanto no âmbito doméstico, escolar, esportivo e eclesial, sem mencionar o flagelo do turismo sexual e outras violências.

 

O fato de ser “um problema universal e transversal que infelizmente se encontra em toda parte” – precisa o Pontífice – “não diminui sua monstruosidade dentro da Igreja”, onde se torna ainda mais grave e escandaloso”, porque em contraste com sua autoridade moral e sua credibilidade ética”.

 

Com o Motu proprio Vos estis lux mundi, o Papa estabelece novos procedimentos para denunciar abusos, moléstias e violências, e assegurar que os bispos e superiores religiosos respondam por seu agir.

 

É introduzida a obrigação para clérigos e religiosos de denunciar os abusos. Cada diocese deve criar um sistema facilmente acessível ao público para receber denúncias. Francisco também abole o segredo pontifício para esses casos e altera a norma relativa ao delito de pornografia infantil, incluindo na categoria “delicta graviora”  – os delitos mais graves – a posse e a disseminação de imagens pornográficas envolvendo menores de 18 anos.

 

Reforma: mais estruturas missionárias

 

Tiveram continuidade os trabalhos do Conselho de Cardeais (C6) para a reforma da Cúria Romana, para que todas as estruturas da Igreja sejam mais missionárias.

 

Está sendo finalizado o exame do esboço da nova Constituição Apostólica, cujo título provisório é “Praedicate evangelium”, para significar que o principal serviço que a Santa Sé deve prestar é o do anúncio do Evangelho.

 

O Papa altera, enquanto isso, o papel do Decano do Colégio Cardinalício: aceita a renúncia do cardeal Sodano, no cargo desde 2005, e com um Motu proprio fixa um tempo determinado para esta missão: cinco anos, eventualmente renováveis.

 

Que o dinheiro seja para servir ao Evangelho e aos pobres

 

Prossegue também a reforma financeira, especialmente nos quesitos transparência e contenção de custos. O Papa Francisco renovou o Estatuto do IOR: é introduzida de forma permanente a figura do Auditor externo para a verificação das contas, segundo os padrões internacionais.

 

Os princípios católicos subjacentes à missão do IOR são especificados, para que a instituição seja mais fiel à sua missão original.

 

O jesuíta Juan Antonio Guerrero Alves é nomeado prefeito da Secretaria para a Economia. O Papa autoriza uma investigação da magistratura vaticana em relação a várias pessoas que servem à Santa Sé, no âmbito de algumas transações financeiras.

 

E a Propósito do Óbolo de São Pedro, o Pontífice ressalta que é uma boa administração fazer o dinheiro recebido render, e não deixá-lo parado, guardado na gaveta. Mas o investimento deve sempre ser “moral”, porque o dinheiro está a serviço da evangelização e dos pobres.

 

Redescobrir a Palavra de Deus para conhecer Jesus

Papa Francisco em Bangkok - Foto: AFP or licensors

Papa Francisco em Bangkok – Foto: AFP or licensors

 

Com a Carta Apostólica “Aperuit illis“, de 30 de setembro, o Papa institui o Domingo da Palavra de Deus, um dia especial para exortar todos os fiéis a ler e meditar a Bíblia, porque – como dizia São Jerônimo – a “ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo.”

 

É preciso redescobrir a importância fundamental de uma Palavra que transforma concretamente a vida. A data solene foi estabelecida, todos os anos, no terceiro domingo do Tempo Ordinário (em 2020, será em 26 de janeiro).

 

Que não falte a bela tradição do Presépio

 

Em 1º de dezembro, Francisco assina em Greccio a Carta Apostólica Admirabile signum, na qual exorta a se redescobrir e revitalizar a bela tradição do presépio.

 

“Representar o evento do nascimento de Jesus – escreve – é equivalente a anunciar o mistério da Encarnação do Filho de Deus com simplicidade e alegria”. É um ato de evangelização, bonito de se ver “nos locais de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nas prisões, nas praças”.

 

Cristãos perseguidos, hoje mais do que nos primeiros tempos

 

Francisco nunca se cansa de denunciar as perseguições anticristãs. Hoje – repete – há mais mártires do que nos primeiros tempos do cristianismo.

 

Em janeiro, a Suprema Corte do Paquistão absolveu definitivamente Asia Bibi, da acusação injusta de blasfêmia, pela qual havia sido condenada à morte. Esta mulher católica, mãe de 5 filhos, estava presa desde 2009. Ela deixou o país com sua família. Tanto Bento XVI quanto o Papa Francisco haviam acompanhado o desenrolar de sua história com grande discrição, por razões de segurança.

 

Uma das filhas, Eisham, havia encontrado Francisco no ano passado, trazendo a ele um beijo de sua mãe. O Papa disse a ela: “Penso seguidamente em sua mãe e rezo por ela”. E a define como “maravilhosa mulher mártir”.

 

21 de abril é Páscoa: um ataque de extremistas islâmicos contra igrejas cristãs no Sri Lanka provoca a morte de mais de 250 pessoas enquanto rezavam. O apelo do Papa chega no mesmo dia. Mas Francisco não deixa de denunciar também ataques contra outras religiões, como aquele contra a mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, em 15 de março, que provocou mais de 50 vítimas fatais.

 

Defender a família e a vida, toda vida

 

O Papa, em 25 de março em Loreto, reitera que, em particular no mundo de hoje, “a família fundada no casamento entre um homem e uma mulher assume uma importância e uma missão essenciais”, e seu representante na ONU, o arcebispo Bernardito Auza, recorda suas palavras sobre a ideologia de gênero: é um “passo atrás” para a humanidade.

 

Francisco defende a vida desde a concepção até seu fim natural. Ele intervém diretamente em favor de Vincent Lambert, o enfermeiro francês de 42 anos, em estado de consciência mínima, que faleceu em julho do ano passado: “Não construímos – foi sua advertência – uma civilização que elimina pessoas cuja vida acreditamos não vale mais a pena ser vivida: toda vida tem valor, sempre”.

 

O olhar do Papa é de 360​​°: a vida, os direitos e a dignidade devem ser sempre defendidos, desde os nascituros àqueles que sofrem de fome ou sofrem violências, dos doentes e dos anciãos aos migrantes que correm o risco de morrer em busca de um futuro melhor. A justiça não é seletiva, não é para algumas categorias humanas e outras não, é universal.

 

Aos jovens: descubram o amor de Deus e caminhem contra a corrente

 

Este ano o Papa publicou a Exortação Apostólica “Christus vivit“, fruto do Sínodo sobre os jovens realizado no Vaticano em outubro de 2018. Este é o incipit: “Cristo vive. Ele é a nossa esperança e a juventude mais bonita deste mundo. (…) Por isso, as primeiras palavras que quero dirigir a cada jovem cristão são: Ele vive e quer você vivo!”.

 

O Papa escreve: “Peçamos ao Senhor que liberte a Igreja daqueles que querem envelhecê-la, fixá-la no passado, freá-la, torná-la imóvel. Peçamos também que a liberte de outra tentação: acreditar que é jovem porque cede a tudo o que o mundo lhe oferece,” mimetizando-se com os outros. “Não! Ela é jovem quando é ela mesma.”

 

Francisco propõe “caminhos de fraternidade” para viver a fé, evitando correr “o risco de fechar-se em pequenos grupos”. Convida os jovens a viver o compromisso social em contato com os pobres e a serem protagonistas da mudança para uma civilização mais justa e fraterna.  Por fim, exorta-os a se tornarem “missionários corajosos”, testemunhando o Evangelho em todos os lugares com suas próprias vidas, indo também contra a corrente, especialmente contra as chamadas colonizações ideológicas.

 

Viagens internacionais: paz para o mundo, porque somos irmãos

 

Neste 2019, Francisco realizou 7 viagens internacionais, visitando 11 países em 4 continentes, um ano recorde para suas missões fora da Itália. Anuncia o Evangelho da alegria no Panamá para a Jornada Mundial da Juventude; nos Emirados Árabes Unidos assina o histórico documento sobre a Fraternidade humana com o Grão Imame de al- Azhar; no Marrocos reitera a importância do diálogo inter-religioso; na Bulgária, Macedônia do Norte e Romênia, fala da unidade dos cristãos; em Moçambique, Madagascar e Maurício, levanta sua voz em defesa dos pobres e da Criação; na Tailândia, apela à promoção dos direitos das mulheres e das crianças, e no Japão, uma viagem centrada na paz, repete que não apenas o uso, mas também a posse de armas nucleares é imoral.

 

Santos e Beatos: mártires, leigos e com a púrpura

 

Também neste ano houve inúmeras canonizações e beatificações. Muitos mártires de todos os continentes e de todas as ideologias: muitos foram mortos por ódio à fé durante a guerra civil espanhola, mortos perdoando seus assassinos; outros, como os sete bispos da Igreja Greco-católica na Romênia beatificados por Francisco em Blaj, são mártires do regime comunista; outros ainda, como o bispo argentino Enrique Angel Angelelli e seus companheiros, foram vítimas de ditadura de direita.

 

Mas há também os santos leigos, como a suíça Margherita Bays, santos da “porta ao lado” que viveram sua vocação em família, em meio a mil dificuldades. E há tantos santos cardeais, como John Henry Newman, um convertido anglicano à fé católica.

 

Sacerdote há cinquenta anos, pela misericórdia de Deus

 

Em 2019, o Papa celebrou 50 anos de sacerdócio. Sua vocação remonta a 21 de setembro de 1953, memória de São Mateus, o cobrador de impostos convertido por Jesus: durante uma confissão, ele tem uma profunda experiência da misericórdia de Deus. É uma imensa alegria que o leva a tomar uma decisão “para sempre”: tornar-se sacerdote para dar aos outros a misericórdia recebida.

 

O padre, afirma Francisco, vive entre as pessoas com o coração misericordioso de Jesus. Hoje é o tempo da misericórdia. A Igreja compreende isso cada vez mais em sua caminhada na história: com João XXIII, ela dá um importante passo nessa direção, continuado por todos os seus sucessores, em particular por João Paulo II, que institui o Domingo da Divina Misericórdia, inspirado por Santa Faustina Kowalska. Um dia, todos sem distinção, invocaremos o excesso de misericórdia de Deus que talvez aqui não tenhamos entendido.

 

Sergio Centofanti – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa convida a retomar a comunicação em família, um tesouro precioso

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Papa convida a retomar a comunicação em família, um tesouro precioso

 

No Angelus deste domingo, Festa da Sagrada Família, o Papa fez os votos que todos terminem o ano em paz, paz do coração, e comunicando-se em família, um com o outro.

 

A família é um tesouro precioso que precisa ser apoiado e tutelado, disse o Papa neste domingo, 29, Festa da Sagrada Família, quando deu uma tarefa: retomar a comunicação em família: os pais, os pais com os filhos, com os avós, os irmãos entre eles.

Papa Francisco no último Angelus de 2019 - Foto: Vatican Media

Papa Francisco no último Angelus de 2019 – Foto: Vatican Media

 

No último Angelus do ano de 2019, Francisco propôs a Sagrada Família de Nazaré como modelo para nossas famílias. “O termo “sagrada” – começou explicando – insere essa família no âmbito de santidade que é dom de Deus mas, ao mesmo tempo, é uma adesão livre e responsável ao projeto de Deus. Assim foi para a família de Nazaré: foi totalmente disponível à vontade de Deus.”

 

Maria ouve a Palavra de Deus e a coloca em prática

 

Falando aos milhares de peregrinos e turistas presentes na Praça São Pedro em um domingo ensolarado, com a temperatura por volta dos 9º C, Francisco chamou a atenção para o fato de que “os três componentes da Família de Nazaré, ajudam-se um ao outro a descobrir e realizar o plano de Deus”, e explicou brevemente o papel desempenhado por cada um nesta missão divina, a começar por Maria:

“Como não ficar maravilhados, por exemplo, com a docilidade de Maria à ação do Espírito Santo, que pede a ela para se tornar mãe do Messias?”

Maria, como toda jovem do seu tempo, estava para concretizar seu projeto de vida, isto é, casar-se com José. Mas quando percebe que Deus a chama para uma missão particular, não hesita em proclamar-se sua “serva”.

 

O Papa explica que Jesus exaltará a grandeza de Maria não tanto por seu papel de mãe, mas por sua obediência a Deus: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a põe em prática, como Maria”:

“E quando não compreende bem os eventos que a envolvem, Maria medita no silêncio, reflete e adora a iniciativa divina. A sua presença aos pés da Cruz consagra essa total disponibilidade”.

 

José, homem do silêncio e da obediência

 

Quanto a José, ele “não fala, mas age obedecendo”, “é o homem do silêncio, o homem da obediência” – ressalta Francisco – sob a condução de Deus, representada pelo anjo:

A página do Evangelho de hoje recorda três vezes essa obediência de José, relacionada à fuga para o Egito e ao retorno à terra de Israel. Sob a guia de Deus, representada pelo anjo, José distancia sua família das ameaças de Herodes, e a salva. A Sagrada Família solidariza assim com todas as famílias do mundo forçadas ao exílio, solidariza com todos aqueles que são forçados a abandonar a própria terra por causa da repressão, da violência, da guerra.

 

Jesus, a vontade do Pai

 

Por fim Jesus, a terceira pessoa da Sagrada Família. Jesus, em quem – explica o Papa – houve somente “sim”, o que é manifestado em tantos momentos de sua vida terrena, citando o episódio em que seus pais aflitos o acharam no templo pregando aos doutores da lei, sua oração de entrega ao Pai no Jardim das Oliveiras, todos eventos que são a perfeita realização das próprias palavras de Cristo que diz: “Não quiseste sacrifício nem oblação […]. Então disse: “Eis que eu venho […] fazer vossa vontade, Meu Deus”.

 

Uma tarefa: retomar a comunicação em família

 

Assim, disse Francisco, “Maria, José e Jesus, a Família de Nazaré, representam uma resposta uníssona à vontade do Pai. Os três componentes dessa família singular se ajudam reciprocamente a descobrir e realizar o plano de Deus. Eles rezavam, trabalhavam, se comunicavam”E então o Papa se pergunta:

Tu, em tua família, sabes te comunicar, ou és como aqueles jovens na mesa, cada um com o telefone celular, [que] estão [trocando mensagens] em chats? Naquela mesa parece um silêncio, como se estivessem na Missa … Mas não se comunicam. Devemos retomar a comunicação em família: os pais, os pais com os filhos, com os avós, mas comunicar-se, com os irmãos, entre eles… Esta é uma tarefa a ser feita hoje, precisamente no dia da Sagrada Família.

 

“Devemos retomar a comunicação em família: os pais, os pais com os filhos, com os avós, mas comunicar-se, com os irmãos, entre eles… Esta é uma tarefa a ser feita hoje, precisamente no dia da Sagrada Família”

 

Sagrada Família, modelo para as famílias

 

“Que a Sagrada Família possa ser modelo para nossas famílias, para que pais e filhos se apoiem mutuamente na adesão ao Evangelho, fundamento da santidade da família.”

 

Confiemos a Maria “Rainha da família” – disse o Papa ao concluir – todas as famílias do mundo, especialmente aquelas provadas pelo sofrimento, e invoquemos sobre elas a sua materna proteção.

 

Família, um tesouro a ser protegido

 

Ao saudar os peregrinos e turistas presentes na Praça São Pedro, o Papa dirigiu uma saudação às famílias:

“Hoje dirijo uma saudação especial às famílias aqui presentes e àquelas que participam de casa através da televisão e do rádio. A família é um tesouro precioso: é preciso sempre apoiá-la, protegê-la: em frente!”

 

Acabar o ano com paz no coração

 

Antes de despedir-se com o tradicional bom domingo, bom almoço e não se esqueçam de rezar por mim, o Papa fez votos de que todos terminem o ano em paz:

Saúdo a todos, e a todos desejo um bom domingo e um final de ano sereno. Terminemos o ano em paz, paz de coração: esses são meus votos a vocês. E em família, se comunicando. Agradeço novamente a vocês pelas felicitações [de Natal] e pelas orações. E por favor continue rezando por mim. Bom almoço e até logo!

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Mensagem Urbi et Orbi: “Que o Emmanuel seja luz para toda a humanidade ferida”

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Mensagem Urbi et Orbi: “Que o Emmanuel seja luz para toda a humanidade ferida”

 

Síria, Líbano, Iêmen, Iraque, Venezuela e nações do continente americano, Ucrânia, República Democrática do Congo, Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria. Regiões da humanidade onde há dor e sofrimento provocados pelas trevas nos corações humanos, nas relações pessoais, familiares, sociais, nos conflitos econômicos, geopolíticos e ecológicos, receberam a atenção do Santo Padre em sua mensagem Urbi et Orbi neste dia de Natal: “Mas a luz de Cristo é maior”, reiterou.

Mensagem de Natal e Bênção Urbi et Orbi - Foto: Vatican Media

Mensagem de Natal e Bênção Urbi et Orbi – Foto: Vatican Media

 

A Mensagem e a Bênção Urbi et Orbi do Santo Padre:

«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9,1).

 

Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!

 

Nesta noite, do ventre da mãe Igreja, nasceu de novo o Filho de Deus feito homem. O seu nome é Jesus, que significa Deus salva. O Pai, Amor eterno e infinito, enviou-O ao mundo, não para condenar o mundo, mas para o salvar (cf. Jo 3, 17). O Pai no-Lo deu, com imensa misericórdia; deu-O para todos; deu-O para sempre. E Ele nasceu como uma chamazinha acesa na escuridão e no frio da noite.

 

Aquele Menino, nascido da Virgem Maria, é a Palavra de Deus que Se fez carne; a Palavra que guiou o coração e os passos de Abraão rumo à terra prometida, e continua a atrair aqueles que confiam nas promessas de Deus; a Palavra que guiou os judeus no caminho desde a escravidão à liberdade, e continua a chamar os escravos de todos os tempos, incluindo os de hoje, para saírem das suas prisões. É Palavra mais luminosa do que o sol, encarnada num pequenino filho de homem, Jesus, luz do mundo.

 

Por isso, o profeta exclama: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9,1). É verdade que há trevas nos corações humanos, mas é maior a luz de Cristo; há trevas nas relações pessoais, familiares, sociais, mas é maior a luz de Cristo; há trevas nos conflitos econômicos, geopolíticos e ecológicos, mas é maior a luz de Cristo.

 

Que Jesus Cristo seja luz para tantas crianças que padecem a guerra e os conflitos no Médio Oriente e em vários países do mundo; seja conforto para o amado povo sírio, ainda sem o fim à vista das hostilidades que dilaceraram o país nesta década; sacuda as consciências dos homens de boa vontade; inspire os governantes e a comunidade internacional, para encontrar soluções que garantam a segurança e a convivência pacífica dos povos da Região e ponham termo aos seus sofrimentos; seja sustentáculo para o povo libanês, para poder sair da crise atual e redescobrir a sua vocação de ser mensagem de liberdade e coexistência harmoniosa para todos.

 

Que o Senhor Jesus seja luz para a Terra Santa, onde Ele nasceu, Salvador do homem, e onde continua a expectativa de tantos que, apesar de cansados mas sem se perder de ânimo, aguardam dias de paz, segurança e prosperidade; seja consolação para o Iraque, atravessado por tensões sociais, e para o Iémen, provado por uma grave crise humanitária.

 

Que o Menino pequerrucho de Belém seja esperança para todo o continente americano, onde várias nações estão a atravessar um período de convulsões sociais e políticas; revigore o querido povo venezuelano, longamente provado por tensões políticas e sociais, e não lhe deixe faltar a ajuda de que precisa; abençoe os esforços de quantos se empenham em favorecer a justiça e a reconciliação e trabalham para superar as várias crises e as inúmeras formas de pobreza que ofendem a dignidade de cada pessoa.

 

Que o Redentor do mundo seja luz para a querida Ucrânia, que aspira por soluções concretas para uma paz duradoura.

 

Que o Senhor recém-nascido seja luz para os povos da África, onde perduram situações sociais e políticas que, frequentemente, obrigam as pessoas a emigrar, privando-as duma casa e duma família; haja paz para a população que vive nas regiões orientais da República Democrática do Congo, martirizada por conflitos persistentes; seja conforto para quantos padecem por causa das violências, calamidades naturais ou emergências sanitárias; dê consolação a todos os perseguidos por causa da sua fé religiosa, especialmente os missionários e os fiéis sequestrados, e para quantos são vítimas de ataques de grupos extremistas, sobretudo no Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria.

 

Que o Filho de Deus, descido do Céu à terra, seja defesa e amparo para todos aqueles que, por causa destas e outras injustiças, devem emigrar na esperança duma vida segura. É a injustiça que os obriga a atravessar desertos e mares, transformados em cemitérios; é a injustiça que os obriga a suportar abusos indescritíveis, escravidões de todo o género e torturas em campos de detenção desumanos; é a injustiça que os repele de lugares onde poderiam ter a esperança duma vida digna e lhes faz encontrar muros de indiferença.

 

Que o Emmanuel seja luz para toda a humanidade ferida. Enterneça o nosso coração frequentemente endurecido e egoísta e nos torne instrumentos do seu amor. Através dos nossos pobres rostos, dê o seu sorriso às crianças de todo o mundo: às crianças abandonadas e a quantas sofreram violências. Através das nossas frágeis mãos, vista os pobres que não têm nada para se cobrir, dê o pão aos famintos, cuide dos enfermos. Pela nossa frágil companhia, esteja próximo das pessoas idosas e de quantas vivem sozinhas, dos migrantes e dos marginalizados. Neste dia de festa, dê a todos a sua ternura e ilumine as trevas deste mundo.

 

 

Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News