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Angelus: o Advento é tempo de graça para purificar a fé

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Angelus: o Advento é tempo de graça para purificar a fé

Ao rezar o Angelus dominical com os fiéis na Praça São Pedro, o Papa Francisco falou da alegria e da dúvida, ambas experiências que fazem parte da nossa vida.

 

O Advento nos diz que não basta acreditar em Deus: é preciso todos os dias purificar a nossa fé. Palavras do Papa Francisco ao rezar com os fiéis e peregrinos na Praça São Pedro a oração do Angelus.

Advento é tempo de graça - Foto: Vatican Media

Advento é tempo de graça – Foto: Vatican Media

 

Em sua alocução, o Pontífice comentou as leituras deste terceiro domingo do Advento, conhecido como domingo “da alegria”.

 

Alegria e dúvida

 

De um lado, o profeta Isaías faz um convite à alegria: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus […] ele que vem para vos salvar”. E então tudo se transforma: o deserto floresce, o consolo e a alegria tomam conta dos perdidos de coração, o coxo, o cego e o mudo são curados.

 

Já no Evangelho, João Batista vive um momento de dúvida: ‘És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?’. Jesus então realiza prodígios: “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”.

 

Novo nascimento

 

Esta descrição nos mostra que a salvação envolve todo o homem e o regenera, explicou o Papa. Mas este novo nascimento sempre pressupõe uma morte a nós e ao pecado que está em nós.

 

Por isso devemos nos converter e converter, sobretudo, a ideia que temos de Deus.

 

“O Advento, tempo de graça, nos diz que não basta acreditar em Deus: é preciso todos os dias purificar a nossa fé.”

 

Fábula

 

Trata-se de se preparar para acolher não um personagem de uma fábula, mas o Deus que nos interpela, nos envolve e diante do qual se impõe uma escolha.

 

O Menino que está no presépio, disse ainda Francisco, tem o rosto dos nossos irmãos e irmãs mais necessitados, dos pobres que “são os privilegiados deste mistério e, muitas vezes, aqueles que melhor conseguem reconhecer a presença de Deus no meio de nós”.

 

“Que a Virgem Maria nos ajude para que, enquanto nos aproximamos do Natal, não nos deixemos distrair pelas coisas exteriores, mas façamos espaço no coração Àquele que já veio e que quer vir mais uma vez a curar as nossas doenças e a nos dar a sua alegria.”

 

 

Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Em destaque: um novo passo no tempo do Advento

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Em destaque: um novo passo no tempo do Advento

 

As atividades do Papa e da Santa Sé nesta terça-feira. Hoje Francisco completou 83 anos. Publicou dois rescritos: no primeiro, aboliu o segredo pontifício para as investigações de casos de abusos de menores cometidos pelo clero. Em um tuíter para o Advento, recorda que a conversão nasce da misericórdia.

Advento - Foto: Vatican Media

Advento – Foto: Vatican Media

 

No dia em que comemorou seus 83 anos de idade, Francisco publicou um rescrito segundo o qual o “segredo pontifício” é abolido para documentos relativos a denúncias e testemunhos de processos canônicos em casos de abuso de menores perpetrados por clérigos. A decisão, que pode ser definida histórica, representa um novo passo ligado ao encontro sobre a proteção de menores realizado no Vaticano em fevereiro último. Os documentos processuais relativos aos casos de violência e abuso sexual conservados nos arquivos dos Dicastérios vaticanos, bem como os que se encontram nos arquivos das dioceses, até agora sujeitos ao segredo pontifício, poderão ser entregues aos magistrados de investigação dos respectivos países, atendendo ao seu pedido. Um sinal de transparência e colaboração com as autoridades civis. O rescrito, naturalmente, não diz respeito em algum modo ao segredo da confissão. Também hoje, com um segundo rescrito, Francisco estabeleceu que faça parte dos crimes mais graves reservados ao julgamento da Congregação para a Doutrina da Fé, também a detenção ou divulgação de imagens pornográficas de menores de 18 anos por parte de um clérigo. Até agora, esse limite era fixado em 14 anos.

 

Também hoje o Papa Francisco aceitou a renúncia por motivos de idade, apresentada por dom Luigi Ventura, núncio apostólico na França. O prelado, que tinha completado 75 anos no passado dia 9 de dezembro, havia renunciado à imunidade jurisdicional para manifestar a sua total disponibilidade para colaborar com as autoridades judiciais francesas em relação às acusações de assédio sexual feitas por alguns homens: acusações sempre rejeitadas pelo núncio.

 

Hoje a Igreja entra na segunda parte do Advento, tempo forte de conversão: se até ontem a liturgia nos convidava a meditar sobre a última vinda de Cristo, agora nos exorta a preparar-nos para celebrar o seu nascimento na gruta de Belém. O juízo final tem como premissa o Deus que se faz criança para a nossa salvação e é um chamado constante a acolher o amor divino que se propõe com humildade. Assim, no tuíter de hoje o Papa escreve: “Toda conversão nasce de uma antecipação da misericórdia, da ternura de Deus que sequestra o coração”.

 

Hoje, portanto, é o aniversário de Francisco. Pelos seus 83 anos chegaram felicitações de todo o mundo, dos líderes políticos e religiosos, mas sobretudo de simples fiéis e também de pessoas não católicas que vêem no Papa um testemunho de fraternidade e acolhimento – para além das diferenças -, tão necessário para uma humanidade tentada por medos e divisões. Entre as muitas mensagens recordamos, a de Liliana Segre, senadora italiana e testemunha do Holocausto, que deseja que o Papa continue com êxito o seu compromisso de denuncia da “cultura do descarte” e de promoção da paz baseada na memória. Também as felicitações do cardeal brasileiro João Braz de Aviz, através das ondas da Rádio Vaticano.

 

Sergio Centofanti – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Jerusalém: novas restaurações na Basílica do Santo Sepulcro

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Jerusalém: novas restaurações na Basílica do Santo Sepulcro

 

Esta segunda fase de restauração diz respeito ao piso da Basílica, à segurança da Edícula do Santo Sepulcro e às pesquisas arqueológicas. Estreita cooperação entre as Igrejas cristãs responsáveis pelo Status Quo do Santo Sepulcro (greco-ortodoxa, católica e armênia) após as restaurações de 2016.

Edícula da Santo Sepulcro em Jerusalém - Foto: Vatican Media

Edícula da Santo Sepulcro em Jerusalém – Foto: Vatican Media

 

Apresentados nesta terça-feira (10/12) no convento franciscano de São Salvador, em Jerusalém, os novos trabalhos na Basílica do Santo Sepulcro que incluem a conservação e restauração do piso da igreja, a avaliação da estabilidade e segurança da Sagrada Edícula, a implementação de estruturas técnicas (hídricas, elétricas, mecânicas, anti-incêndio), e pesquisas arqueológicas. A Custódia da Terra Santa informa que esta é a segunda fase dos trabalhos de restauração ilustrados aos responsáveis das três Igrejas cristãs responsáveis pelo Status Quo do Santo Sepulcro (greco-ortodoxa, católica e armênia) pelo diretor do projeto e arquiteto supervisor Stefano Trucco, pela coordenadora Michela Cardinali e pela vice-diretora do projeto, Paola Croveri, membros da Fundação Centro para a Conservação e a Restauração dos Bens Culturais “La Venaria Reale” de Turim (Ccr). A Fundação, junto com o Departamento de Ciências da Antiguidade da Universidade “La Sapienza” de Roma, assinou no último dia 8 de outubro um acordo com a Custódia da Terra Santa para o estudo e o projeto executivo destas novas obras de restauração.

 

Nova restauração graças à colaboração das Igrejas presentes na Basílica

 

O Padre Francesco Patton, custódio da Terra Santa, recordou a maravilhosa experiência de cooperação entre as Igrejas para as primeiras restaurações concluídas em 2016, esperando que esta segunda fase dê os mesmos frutos. “Como Igrejas, é importante que nos empenhemos em proteger e preservar a autonomia do Santo Sepulcro, o que também é coisa boa para os nossos cristãos, comentou o patriarca greco-ortodoxo de Jerusalém Teófilo III. A apresentação deste projeto é importante para nós, mas também pela sua transparência, que nos pode dar crédito e confiança com os nossos patrocinadores”. O Padre Samuel Aghoian, representando o patriarca armênio de Jerusalém Nurhan Manougian, também parabenizou o projeto e desejou-lhe sucesso. Todas as intervenções, explicou a arqueóloga Carla Benelli da Associação Ats Pro Terra Sancta, ONG da Custódia da Terra Santa, serão financiadas graças à doação de um privado de 500.000 euros, recolhidos pela Custódia.

 

A restauração do pavimento da Basílica

 

Para a conservação do piso, se partirá dos dados recolhidos pelos precedentes estudos realizados pela professora Antonia Moropolou, da Universidade de Atenas, com o apoio do patriarcado greco-ortodoxo de Jerusalém, responsável pelas restaurações anteriores. Depois irá se proceder às investigações científicas para a caracterização dos diferentes materiais do pavimento para então planejar a limpeza com base em levantamentos geofísicos e monitorização do ambiente. Para permitir a utilização dos espaços, a área afetada pela restauração – além da área da Anástases que circunda a Sagrada Edícula – será estendida até ao ambulatório e à entrada da Basílica.

 

Estabilidade e segurança da Edícula do Santo Sepulcro

 

Uma equipe interdisciplinar de restauradores, arqueólogos e projetistas também avaliará a estabilidade e a segurança da Sagrada Edícula. Serão analisados todos os dados relativos à história da construção e subsequentes intervenções; será verificada a existência de canais subterrâneos e serão realizados levantamentos geométricos. Dada a elevada presença diária de peregrinos no Santo Sepulcro, serão analisadas as condições do ambiente – temperatura, humidade, concentração de poluição – para decidir com as comunidades cristãs responsáveis pelos diversos cultos quais as soluções a adoptar para a salubridade. As pesquisas arqueológicas exigidas pelos novos trabalhos serão realizadas pelo Departamento de Ciências da Antiguidade da Universidade “La Sapienza” de Roma, enquanto o Departamento elétrico astronáutico e de engenharia de energia vai estudar as transformações da luz natural e acústica no Santo Sepulcro.

 

Tiziana Campisi, Silvonei José – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

O Papa: os cristãos são perseguidos com “luvas de pelica”, deixados de lado, marginalizados

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O Papa: os cristãos são perseguidos com “luvas de pelica”, deixados de lado, marginalizados

 

“O martírio é o ar da vida de um cristão, de uma comunidade cristã. Sempre haverá mártires entre nós: este é o sinal de que estamos seguindo o caminho de Jesus”, disse Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira.

 

A catequese da Audiência Geral do Papa Francisco, nesta quarta-feira (11/12), na Sala Paulo VI, no Vaticano, teve como tema, extraído do Livro dos Atos dos Apóstolos, «Ainda um pouco, e você me convence a tornar-me cristão!» Paulo prisioneiro diante do Rei Agripa.

Papa Francisco - Audiência Geral: Cristãos Perseguidos - Foto: Vatican Media

Papa Francisco – Audiência Geral: Cristãos Perseguidos – Foto: Vatican Media

 

Francisco continua a viagem do Evangelho no mundo narrado pelo Livro dos Atos dos Apóstolos, e o testemunho de Paulo é cada vez mais marcado pelo sigilo do sofrimento. “Paulo não é apenas um evangelizador cheio de ardor, missionário intrépido entre os pagãos que dá vida a novas comunidades, mas é também a testemunha sofredora do Ressuscitado”, disse o Papa.

 

Paulo e Jesus, ambos odiados pelos adversários

 

A chegada do Apóstolo a Jerusalém, descrita no capítulo 21 dos Atos, desencadeia um ódio feroz contra ele. Paulo é censurado: “Mas, este era um perseguidor! Não confiem!” “A cidade é hostil, assim como foi para Jesus. Tendo ido ao templo, Paulo foi reconhecido e levado para ser linchado. Foi salvo por um fio pelos soldados romanos. “Acusado de ensinar contra a Lei e o templo, ele foi preso e começa a sua peregrinação de encarcerado, primeiro diante do Sinédrio, depois diante do procurador romano em Cesaréia e, por fim, diante do rei Agripa”, sublinhou Francisco, acrescentando:

“Lucas evidencia a semelhança entre Paulo e Jesus, ambos odiados pelos adversários. Jesus foi odiado pelos seus adversários e Paulo a mesma coisa, acusados publicamente e reconhecidos como inocentes pelas autoridades imperiais; e assim Paulo é associado à paixão de seu Mestre, e sua paixão se torna um evangelho vivo.”

 

A seguir, o Papa recordou o seu encontro, esta manhã, com os peregrinos ucranianos, de uma diocese na Ucrânia.

 

“Quanto essas pessoas foram perseguidas; quanto sofreram pelo Evangelho! Mas não negociaram fé. É um exemplo. Hoje, no mundo, na Europa, muitos cristãos são perseguidos e dão a vida por sua fé, ou são perseguidos com “luvas de pelica”, ou seja, deixados de lado, marginalizados. O martírio é o ar da vida de um cristão, de uma comunidade cristã.”

 

“Sempre haverá mártires entre nós: este é o sinal de que estamos seguindo o caminho de Jesus. É uma bênção do Senhor que haja no povo de Deus, alguém que seja testemunho de martírio.”

 

A apologia de Paulo é um testemunho eficaz de fé

 

Paulo é chamado a defender-se das acusações e na presença do rei Agripa, a sua apologia se transforma num testemunho eficaz de fé. Mesmo quando fala de si, Paulo anuncia e manifesta o seu Senhor.

 

Depois, Paulo relata sua própria conversão: Cristo ressuscitado o tornou cristão e confiou-lhe a missão entre as nações, “para que se convertam das trevas para a luz, do poder de Satanás para Deus, e recebam o perdão dos pecados e a herança entre os santificados pela fé em Cristo”.

 

Paulo obedeceu a essa tarefa e não fez nada além de mostrar como os profetas e Moisés prenunciaram o que agora anuncia: «que o Messias devia sofrer e que, ressuscitado por primeiro dentre os mortos, ele devia anunciar a luz ao povo e aos pagãos». O testemunho apaixonado de Paulo toca o coração do rei Agripa, que diz: «Ainda um pouco, e você me convence a tornar-me cristão! » Paulo é declarado inocente, mas ele não pode ser libertado porque apelou a César. Assim, continua a viagem irreversível da Palavra de Deus em direção a Roma.

 

A partir desse momento, o retrato de Paulo é o do prisioneiro cujas correntes são sinal de sua fidelidade ao Evangelho e do testemunho dado ao Ressuscitado.

 

As correntes são certamente uma provação humilhante para o apóstolo, que aparece aos olhos do mundo como um “malfeitor”. Mas seu amor por Cristo é tão forte que mesmo essas correntes são lidas com os olhos da fé; fé que para Paulo não é “uma teoria, uma opinião sobre Deus e o mundo”, mas é “o impacto do amor de Deus em seu coração, é o amor por Jesus Cristo”.

 

O Papa concluiu sua catequese, dizendo que “Paulo nos ensina a perseverança na provação e a capacidade de ler tudo com os olhos da fé. Peçamos ao Senhor, por intercessão do Apóstolo, para reavivar a nossa fé e nos ajudar a ser fiéis até o fim à nossa vocação de discípulos missionários”.

 

 

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa aos jovens japoneses: “combater a pobreza espiritual é um dever de todos”

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Papa aos jovens japoneses: “combater a pobreza espiritual é um dever de todos”

“Importante não é tanto concentrar-me e questionar-me por que vivo, como sobretudo para quem vivo”. Palavras do Papa Francisco aos jovens japoneses em um discurso que focaliza a cultura do encontro. O Pontífice encontrou os jovens na Igreja de Santa Maria em Tóquio nesta segunda-feira 25 de novembro

 

No seu terceiro compromisso na cidade de Tóquio nesta segunda-feira (25), o Papa Francisco foi à Catedral de Santa Maria para encontrar os jovens japoneses.

Encontro do Papa Francisco com os jovens em Tóquio - Foto: Vatican Media

Encontro do Papa Francisco com os jovens em Tóquio – Foto: Vatican Media

 

Em seu discurso o Papa respondeu às questões apresentadas por três jovens que deram seu testemunho. Primeiramente saudou a todos recordando que vendo-os percebe uma grande diversidade cultural e religiosa, sendo eles, jovens que vivem no Japão e algo da beleza que a sua geração oferece ao futuro. E continua:

“ A amizade entre vocês e a sua presença aqui lembram-nos a todos que o futuro não é ‘monocromático’”, convidando a “contemplá-lo na variedade e diversidade das contribuições que cada um pode dar ”

E considera: “Como a nossa família humana precisa aprender a viver em harmonia e paz, sem necessidade de sermos todos iguais!”

 

Bullyng: Unam-se para ajudar os que precisam

 

Em seguida falou sobre o tema de uma das perguntas dos jovens presentes: o bullyng escolar. O Papa afirmou que “o ponto mais cruel do bullyng é que fere o nosso espírito e autoestima no momento em que mais precisávamos de força para nos aceitar a nós mesmos e enfrentar novos desafios na vida”. E que algumas vezes as vítimas chegam a culpar-se por serem ‘alvos fáceis’. E afirma: “Paradoxalmente, os molestadores é que são frágeis de verdade, pois pensam que podem afirmar a sua identidade fazendo mal aos outros”. “No fundo – continua – os molestadores têm medo; são medrosos que se escondem por trás da sua força aparente”. E encoraja todos a tomar uma atitude: “Devemos nos unir contra esta cultura do bullying e aprender a dizer: Basta!”

 

E como fazer isso? O Papa recomenda:

“ Vocês devem se unir, entre amigos e companheiros, para dizer: Isto não! Isto é mal! Não existe arma maior para se defender de tais ações do que vocês poderem se levantar, entre companheiros e amigos, e dizer: Aquilo que você está fazendo é uma coisa grave ”

 

Medo, inimigo do amor

 

“O medo, continua Francisco é sempre inimigo do bem, porque é inimigo do amor e da paz. As grandes religiões ensinam tolerância, harmonia e misericórdia; não ensinam medo, divisão e conflito”.

 

E esclarece: “Jesus não Se cansava de dizer aos seus seguidores para não terem medo. Porquê? Porque, se amamos a Deus e aos nossos irmãos e irmãs, este amor expulsa o temor”

 

E agradece ao jovem dizendo “O mundo precisa de ti: nunca te esqueças disto! O Senhor tem necessidade de ti, para poderes dar coragem a tantos que hoje pedem uma mão para os ajudar a levantar-se”. Isso supõe aprender a desenvolver uma qualidade muito importante, mas desvalorizada: a capacidade de disponibilizar tempo para os outros”, à família, a Deus, rezando e meditando.

 

E para os que têm dificuldade recomenda:

“ A oração consiste principalmente em estar lá. Ficar quieto, dar espaço a Deus, deixa-se olhar por Ele e Ele te encherá da sua paz ”

 

Pobreza espiritual

 

Como encontrar Deus em uma sociedade frenética, competitiva na qual as pessoas são materialmente ricas, mas são escravas da solidão? É o quesito que o Papa responde a outro jovem. Primeiramente o Papa recordou as palavras de Madre Teresa que trabalhava entre os mais pobres dos pobres: “A solidão e a sensação de não ser amado é a pobreza mais terrível”. E o Papa adverte:

“ Combater esta pobreza espiritual é um dever a que todos somos chamados, e vocês têm um papel especial nisso, porque requer uma grande alteração nas nossas prioridades e opções ”

 

E Francisco recorda: “Importante não é tanto concentrar-me e questionar-me por que vivo, como sobretudo para quem vivo”

 

“As coisas são importantes, mas as pessoas são indispensáveis; sem elas, desumanizamo-nos, perdemos o rosto, o nome e tornamo-nos mais um objeto”.

 

Respirar espiritualmente e mediante atos de amor

 

Francisco explica aos jovens que “para nos manter vivos fisicamente, temos que respirar” e “para nos manter vivos no sentido mais amplo e pleno da palavra, devemos também aprender a respirar espiritualmente, através da oração e da meditação”. Porém, adverte o Papa “necessitamos também de um movimento exterior, pelo qual nos aproximamos dos outros mediante atos de amor e serviço”.

Mantendo “este duplo movimento podemos crescer e descobrir não só que Deus nos amou, mas também que confiou a cada um de nós uma missão, uma vocação única, que descobrimos na medida em que nos damos aos outros, às pessoas concretas”.

 

Aqui o Papa abordou o tema de como crescer para descobrir a nossa identidade, bondade e beleza interior. E explica:

“ Para ser felizes, devemos pedir ajuda aos outros (…) sair de nós mesmos e ir ter com os outros, especialmente os mais necessitados ”

 

O Papa pede aos jovens que ajudem os que buscam refúgio no país, que eles devem considerá-los irmãos e irmãs.

 

Por fim o Papa convida “Não deturpem nem interrompam seus sonhos, lhes deem espaço e ousem contemplar grandes horizontes, ver o que espera vocês se tiverem a coragem de construí-lo juntos. O Japão precisa de vocês, o mundo precisa de vocês, despertos e generosos, alegres e entusiastas, capazes de construir uma casa para todos”.

 

Jane Nogara – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa na Missa em Tóquio: o oposto de um “eu” isolado só pode ser um “nós” partilhado

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Papa na Missa em Tóquio: o oposto de um “eu” isolado só pode ser um “nós” partilhado

 

No penúltimo dia da sua visitam ao Japão, o Papa Francisco celebrou nesta segunda-feira a Santa Missa no Estádio Tóquio Dome na presença de mais de 50 mil pessoas.

 

No início da tarde desta segunda-feira (hora local) o Papa Francisco deixou a Nunciatura apostólica e dirigiu-se ao Estádio Tóquio Dome onde celebrou a Santa Missa. Presentes mais de 50 mil pessoas. A Santa Missa, em latim, foi celebrada pelo Dom da Vida Humana. A primeira leitura foi feita em português.

Papa Missa em Tóquio - Foto: Vatican Media

Papa Missa em Tóquio – Foto: Vatican Media

 

Na sua homilia o Santo Padre, citando o Evangelho do dia recordou que o mesmo faz parte do primeiro grande discurso de Jesus; conhecido como o «Sermão da Montanha» e descreve-nos a beleza do caminho que somos convidados a percorrer.

 

Segundo a Bíblia, a montanha é o lugar onde Deus Se manifesta e dá a conhecer: «sobe ao encontro do Senhor» (Ex 24, 1), disse Deus a Moisés. Em Jesus, – disse o Papa – “encontramos o cimo do que significa ser humano e indica-nos o caminho que nos leva à plenitude capaz de ultrapassar todos os cálculos conhecidos; n’Ele encontramos uma vida nova, onde se experimenta a liberdade de nos sentirmos filhos amados”.

 

Francisco advertiu que “estamos cientes de que, ao longo do caminho, esta liberdade filial pode ver-se sufocada e enfraquecida, quando ficamos prisioneiros do círculo vicioso da ansiedade e da competição, ou quando concentramos toda a nossa atenção e as nossas melhores energias na busca obstinada e frenética de produtividade e consumismo como único critério para medir e avaliar as nossas opções ou definir quem somos e quanto valemos”.

 

“ Como oprime e enreda a alma – frisou o Santo Padre – a ânsia gerada por pensar que tudo pode ser produzido, conquistado e controlado! ”

Em seguida o Papa disse “que os jovens fizeram-me notar esta manhã (no encontro que tive com eles) que, numa sociedade como o Japão com uma economia altamente desenvolvida, não são poucas as pessoas socialmente isoladas que permanecem à margem, incapazes de entender o significado da vida e da sua própria existência.

 

“ A casa, a escola e a comunidade, destinadas a ser lugares onde cada um apoia e ajuda os outros, estão a deteriorar-se cada vez mais pela excessiva competição na busca do lucro e da eficiência. Muitas pessoas sentem-se confusas e inquietas, ficam sobrecarregadas pelas demasiadas exigências e preocupações que lhes tiram a paz e o equilíbrio. ”

 

Ressoam, como bálsamo reparador, as palavras do Senhor que convidam a não nos inquietarmos, mas a termos confiança.

 

Não se trata – disse Francisco -, de nos desinteressarmos do que sucede ao nosso redor nem de nos desleixarmos relativamente às nossas ocupações e responsabilidades diárias; antes pelo contrário, é um desafio a abrirmos as nossas prioridades para um horizonte de sentido mais amplo e, assim, criar espaço para olhar na mesma direção: «Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo» (Mt 6, 33).

 

O Senhor não nos diz que as necessidades básicas, como alimento e roupa, não sejam importantes; mas convida-nos a repensar as nossas opções diárias para não acabarmos entalados ou fechados na busca do êxito a todo o custo, incluindo a custo da própria vida. As atitudes mundanas que buscam e perseguem apenas o próprio lucro ou benefício neste mundo, e o egoísmo que pretende a felicidade individual, subtil mas realmente conseguem apenas tornar-nos infelizes e escravos, para além de dificultar o desenvolvimento duma sociedade verdadeiramente harmoniosa e humana.

 

“ O oposto de um «eu» isolado, fechado e até sufocado só pode ser um «nós» partilhado, celebrado e comunicado. ”

 

Este convite do Senhor lembra-nos que «precisamos de reconhecer alegremente que a nossa realidade é fruto dum dom, e aceitar também a nossa liberdade como graça. Isto é difícil hoje, num mundo que julga possuir algo por si mesmo, fruto da sua própria originalidade e liberdade».

 

Como comunidade cristã – frisou o Papa – somos convidados a proteger toda a vida e testemunhar, com sabedoria e coragem, um estilo marcado pela gratuidade e compaixão, pela generosidade e a escuta simples, um estilo capaz de abraçar e receber a vida como se apresenta «com toda a sua fragilidade e pequenez e, muitas vezes, até com todas as suas contradições e insignificâncias».

 

Somos convidados a ser comunidade que desenvolva uma pedagogia capaz de acolher «tudo o que não é perfeito, tudo o que não é puro nem destilado, mas lá por isso não menos digno de amor. Por acaso uma pessoa portadora de deficiência, uma pessoa frágil não é digna de amor? (…) Uma pessoa, mesmo que seja estrangeira, tenha errado, se encontre doente ou numa prisão, não é digna de amor?

 

“ O anúncio do Evangelho da Vida impele-nos e exige de nós, como comunidade, que nos tornemos um hospital de campanha preparado para curar as feridas e sempre oferecer um caminho de reconciliação e perdão. ”

 

Unidos ao Senhor, cooperando e dialogando sempre com todos os homens e mulheres de boa vontade, e também com as pessoas de convicções religiosas diferentes, podemos tornar-nos fermento profético duma sociedade que protege e cuida cada vez mais de toda a vida.

 

Silvonei José – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Em vista da ressurreição, fazer escolhas com sabor de eternidade, afirma o Papa

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Em vista da ressurreição, fazer escolhas com sabor de eternidade, afirma o Papa

Ao celebrar a missa em sufrágio dos cardeais e bispos falecidos, o Papa Francisco afirmou que ir até Jesus é uma vacina contra a morte, contra o medo de que tudo acabe.

 

O Papa Francisco presidiu na manhã desta segunda-feira (04/11), na Basílica Vaticana, a missa em sufrágio dos cardeais e bispos que morreram no decorrer do último ano.

 

Do Brasil, recordamos o Cardeal Serafim Fernandes de Araújo, que morreu no dia 8 de outubro. Dom Antônio Possamai, bispo emérito de Ji-Paraná; Dom Friedrich Heimler, bispo emérito de Cruz Alta; Dom Francisco de Paula Victor; que foi auxiliar de Brasília; Dom José Belvino do Nascimento, bispo emérito de Divinópolis; Dom Silvestre Luís Scandian, arcebispo emérito de Vitória; Dom Urbano José Allgayer, bispo emérito de Passo Fundo; Dom Diogo Reesink, bispo emérito de Teófilo Otoni; Dom Moacyr Grechi, arcebispo emérito de Porto Velho; Dom Walmir Alberto Valle, bispo emérito de Joaçaba; Dom Franco Cuter, bispo emérito de Grajaú; Dom Elias James Manning, bispo emérito de Valença; Dom Ercílio Turco, bispo emérito de Osasco.

Papa Francisco Missa pelos Cardiais e Bispos Falecidos - Foto: Vatican Media

Papa Francisco Missa pelos Cardiais e Bispos Falecidos – Foto: Vatican Media

 

Vinde a mim

 

Em sua homilia, o Papa comentou as leituras extraídas do Livro dos Macabeus, da carta de São Paulo aos Filipenses e do Evangelho de João – leituras que recordam que viemos ao mundo para ressurgir: não nascemos para a morte, mas para a ressurreição. Francisco então propôs uma pergunta: que me sugere o pensamento da ressurreição? Como respondo ao meu chamado para ressurgir?

 

Uma ajuda vem de Jesus, que no Evangelho afirma “vem a mim”.

 

“Ir até Jesus para se vacinar contra a morte, contra o medo de que tudo acabe”, disse o Papa, acrescentando que não se trata de uma exortação espiritual genérica se nos perguntarmos realmente como Jesus está presente nas nossas ações cotidianas.

 

Vivo indo em direção ao Senhor ou girando em torno de mim mesmo? Qual é a direção do meu caminhar?

 

Jesus é veemente: “O que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”.

 

“Para quem crê, não existem subterfúgios: não se pode ser de Jesus e girar em torno de si mesmo. Quem é de Jesus vive em saída em direção a Ele.”

 

Sair de nós mesmos

 

A vida é toda em saída, prosseguiu o Papa. Do ventre da mãe para vir à luz, da infância para a adolescência, da adolescência para a vida adulta e assim por diante até a saída deste mundo.

 

Para Francisco, existe todavia uma saída que é a mais importante e a mais difícil: a saída de nós mesmos.

 

“Somente saindo de nós mesmos abrimos a porta que conduz ao Senhor. Peçamos esta graça: ‘Senhor, desejo vir a Ti através das estradas e dos companheiros de viagem de todos os dias. Ajuda-me a sair de mim mesmo para ir ao Teu encontro, que és a vida’.”

 

Ponte entre o céu e a terra

 

O Pontífice comentou ainda o trecho de Macabeus, em que se afirma que uma belíssima recompensa aguarda os que morrem piedosamente. São os sentimentos de piedade que geram magníficas recompensas, explicou o Papa. Servir os necessitados é a antecâmara para o paraíso, é a ponte que liga o céu e a terra.

 

Podemos então nos perguntar se estamos avançando sobre esta ponte, se me deixo comover, se choro por quem sofre, se rezo por aqueles que ninguém pensa, se ajudo alguém que não pode me retribuir.

 

“Não é bonachismo, caridade mesquinha; são perguntas de vida, questões de ressurreição. ”

 

Diante de Deus

 

Por fim, Francisco citou uma passagem dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, que sugere se imaginar no dia do juízo antes de tomar uma decisão importante. Toda escolha de vida enfrentada nesta perspectiva é bem orientada, porque mais próxima à ressurreição, que é o sentido e a finalidade da vida.

 

Assim como a partida se calcula na chegada, a semeadura na colheita, a vida se julga a partir do seu fim.

 

“Pode ser um exercício útil para ver a realidades com os olhos do Senhor e não com os nossos; para ter um olhar projetado no futuro, na ressurreição; e não somente no hoje que passa; para realizar escolhas que tenham o sabor da eternidade, o gosto do amor. ”

 

Entre as muitas vozes do mundo que fazem perder o sentido da existência, concluiu o Papa, “sintonizemo-nos na vontade de Jesus, ressuscitado e vivo: faremos do hoje que vivemos um alvorecer de ressurreição”.

 

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

O Papa e a missão: “Sem Jesus não podemos fazer nada”

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O Papa e a missão: “Sem Jesus não podemos fazer nada”

 

Antecipamos alguns trechos do livro-entrevista de Gianni Valente com o Papa Francisco, na conclusão do mês missionário extraordinário, onde o Papa reafirma que “A Igreja ou é anúncio ou não é Igreja”. O livro publicado pela LEV e edições São Paulo, estará nas livrarias a partir de 5 de novembro.

Papa e a Missão - Sem Jesus podemos fazer nada - Foto: Vatican Media

Papa e a Missão – Sem Jesus podemos fazer nada – Foto: Vatican Media

 

“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida daqueles que se encontram com Jesus”. Assim inicia a Exortação Apostólica Evangelii gaudium, publicada pelo Papa em novembro de 2013, oito meses depois do Conclave que o elegera Bispo de Roma e Sucessor de Pedro. O programático texto do pontificado convidava todos a re-sintonizar cada ato, reflexão e iniciativa eclesial “sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual”. Quase seis anos depois, o Pontífice anunciou o Mês Missionário Extraordinário, para outubro de 2019, concluído poucos dias atrás, e a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos dedicada à Região Amazônica, com o objetivo de sugerir novos caminhos de anúncio do Evangelho no “pulmão verde”, martirizado pelo sofrimento predatório que violenta e causa ferimentos “aos nossos irmãos e à nossa irmã terra” (Homilia do Santo Padre na missa de conclusão do Sínodo para a Região Pan-Amazônica).

 

Durante este tempo, o Papa Francisco no seu magistério, disseminou insistentes referências à natureza própria da missão da Igreja no mundo. Por exemplo, o Pontífice repetiu várias vezes que anunciar o Evangelho não é “proselitismo”, que a Igreja cresce “por atração” e por “testemunhos”. Uma série de expressões, todas elas orientadas a sugerir por menções qual é o dinamismo para cada obra apostólica, e qual pode ser a sua fonte.

 

Sobre isso e muitas outras coisas, o Papa Francisco fala no seu livro-entrevista intitulado “Sem Ele não podemos fazer nada. Uma conversa sobre o ser missionário no mundo de hoje”. A Agência Fides nos atencipa alguns trechos do livro.

 

 

O senhor contou que quando era jovem queria ser missionário no Japão. Pode-se dizer que o Papa é um missionário não completo?

Não sei. Entrei na ordem dos jesuítas porque me impressionava a vocação missionária da mesma, e o fato de sempre procurarem novas fronteiras. Na época não pude ir ao Japão. Mas sempre senti que anunciar Jesus e o seu Evangelho quer dizer sair e coloca-se a caminho.

 

O senhor repete sempre: “Igreja em saída”. A expressão é relançada com frequência e às vezes parece ter se tornado um slogan abusado, a disposição dos que, cada vez mais numerosos, passam o tempo a dar lições à Igreja sobre como deveria ser ou não ser.

 

“Igreja em saída” não é uma expressão de moda que eu inventei. É um mandamento de Jesus, que no Evangelho de Marcos pede aos seus discípulos para irem pelo mundo inteiro e anunciarem o Evangelho “a toda criatura”. A Igreja ou é em saída ou não é Igreja. Ou é em anúncio ou não é Igreja. Se a Igreja não sai se corrompe, perde sua natureza. Torna-se outra coisa.

 

Uma Igreja que não anuncia e que não sai, o que se torna?

Torna-se uma associação espiritual. Uma multinacional para lançar iniciativas e mensagens de conteúdo ético-religioso. Nada de mal, mas não é a Igreja. Este é um risco de qualquer organização estática dentro da Igreja. Termina-se por domesticar Cristo. Não se da mais testemunho da ação de Cristo, mas fala-se de uma certa ideia de Cristo. Uma ideia possuída e adomesticada por você mesmo. Você organiza as coisas, torna-se um pequeno empresário da vida eclesial, onde tudo acontece segundo o programa pré-estabelecido, isto, é, seguindo apenas as instruções. Mas o encontro com Cristo não se repete mais. Não se repete o encontro que tinha tocado seu coração no início.

 

A missão é por si antídoto a tudo isso? É suficiente a vontade e o esforço de “sair” em missão para evitar essas distorções?

A missão, a “Igreja em saída” não são um programa, uma intenção para a ser realizada por boa vontade. É Cristo que faz a Igreja sair de si mesma. Na missão de anunciar o Evangelho, você se move porque o Espírito Santo empurra você, e o leva. E quando você chega, da-se conta de que Ele chegou antes e está esperando você. O Espírito do Senhor chegou antes. Ele previne, também para preparar o seu caminho e já está em ação.

 

Em um encontro com as Pontifícias Obras Missionárias, o senhor sugeriu-lhes ler os Atos dos Apóstolos, como texto habitual de oração. A narração dos primeiros tempos, e não um manual de estratégia missionária moderna. Por que?

O protagonista dos Atos dos Apóstolos não são os apóstolos. O protagonista é o Espírito Santo. Os Apóstolos são os primeiros que o reconhecem e o confirmam. Quando comunicam aos irmãos de Antioquia as indicações estabelecidas pelo Concílio de Jerusalém, escrevem: “Decidimos, o Espírito Santo e nós”. Eles reconheciam com realismo o fato de que era o Senhor que adicionava todos dias à comunidade “os que estavam salvos”, e não os esforços de persuasão dos homens.

 

E agora é como naquela época? Não mudou nada?

A experiência dos Apóstolos é como um paradigma que vale para sempre. Basta pensar como os fatos nos Atos dos Apóstolos acontecem gratuitamente, sem artifícios. É um caso, uma história de homens na qual os discípulos chegam sempre depois do Espírito Santo que age por primeiro. Ele prepara e trabalha os corações. Abala seus planos. É ele que os acompanha, os guia, os consola dentro de todas as circunstâncias que devem viver. Quando chegam os problemas e as perseguições, o Espírito Santo trabalha ali também, de maneira ainda mais surpreendente, com o seu conforto, o seu consolo. Como acontece depois do primeiro martírio, o de Santo Estêvão.

 

O que ocorre?

Inicia um tempo de perseguição, e muitos discípulos fogem de Jerusalém, vão para a Judeia e Samaria. E ali, enquanto estão espalhados e fugitivos, começam a anunciar o Evangelho, mesmo se estão sozinhos e sem os Apóstolos, que ficaram em Jerusalém. São batizados, e o Espírito Santo lhes dá a coragem apostólica. Ali se vê pela primeira vez que o batismo é suficiente para se tornar anunciadores do Evangelho. A missão é o que aconteceu ali. A missão é obra Sua. É inútil se agitar. Não precisamos nos organizar, não precisamos gritar. Não servem descobertas ou estratégias. Precisa apenas pedir que se faça novamente em nós a experiência para que possamos dizer: “decidimos, o Espírito Santo e nós”.

 

E se não houver esta experiência, qual é o sentido das chamadas à mobilização missionária?

Sem o Espírito, a missão torna-se outra coisa. Torna-se, diria, um projeto de conquista, pretensão de uma conquista feita por nós. Uma conquista religiosa, ou talvez ideológica, talvez feita com boas intenções. Mas é uma outra coisa.

 

Citando Bento XVI, o senhor repete com frequência que a Igreja cresce por atração. O quer dizer isso? Quem atrai? Quem é atraído?

São palavras de Jesus no Evangelho de João. “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”. E no mesmo Evangelho, diz ainda “Ninguém vem a mim, se não for atraído pelo Pai que me mandou”. A Igreja sempre reconheceu que esta é a forma de todo o lema que aproxima a Jesus e ao Evangelho. Não uma convicção, um raciocínio, uma tomada de consciência. Não uma pressão, ou uma constrição. Trata-se sempre de uma atração. O profeta Jeremias já dizia: “Tu me seduziste e eu me deixei seduzir”. E isso também vale para os apóstolos, para os missionários e pela sua obra.

 

Como ocorre o que o senhor descreveu acima?

O mandato do Senhor de sair e anunciar o Evangelho, vem de dentro, por paixão, por atração amorosa. Não se segue Jesus e muito menos se torna anunciadores d’Ele e do seu Evangelho por uma decisão prática, por uma militância autoinduzida. O próprio impulso missionário só pode ser fecundo se acontece dentro desta atração e que se transmite aos outros.

 

Qual é o significado destas palavras com relação à missão e ao anúncio do Evangelho?

Quer dizer que se é Cristo que atrai você, se você se move e faz as coisas é porque é atraído por Cristo, as pessoas então irão se dar conta disso sem esforço. Não há necessidade de demonstrá-lo, e muito menos ostentá-lo. Ao contrário, quem pensa em ser protagonista ou empresário da missão, com todos os seus bons propósitos e as suas declarações de intenção muitas vezes termina por não atrair ninguém.

 

Na sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium, o senhor reconhece que tudo isso pode “causar-nos uma certa vertigem”. Como aqueles que mergulham em um mar onde não sabem o que encontrarão. O que o senhor queria sugerir com esta imagem? Essas palavras referem-se também à missão?

A missão não é um projeto empresarial bem organizado. Nem mesmo um espetáculo organizado para saber quantas pessoas participam graças às nossas propagandas. O Espírito Santo age como quer, quando e onde quiser. E isso pode causar uma certa vertigem. Mesmo assim o cume da liberdade repousa justamente neste deixar-se levar pelo Espírito, renunciado a calcular e controlar tudo. E justamente nisso imitamos o próprio Cristo, que no mistério da sua Ressurreição aprendeu a repousar na ternura dos braços do Pai. A misteriosa fecundidade da missão não consiste nas nossas intenções, nos nossos métodos, nos nossos lançamentos e iniciativas, mas repousa justamente nessa vertigem: a vertigem que se adverte diante das palavras de Jesus, quando diz “sem mim nada podeis fazer”.

 

O senhor repete muitas vezes também que a Igreja cresce “por testemunho”. Qual é a sugestão para esta insistência?

O fato que a atração se faz testemunho em nós. A testemunha comprova o que a obra de Cristo e do seu Espírito realizaram na sua vida. Depois da Ressurreição, é o próprio Cristo que nos torna visível aos apóstolos. É ele a sua testemunha. Também o testemunho não é um desempenho próprio, só se pode ser testemunha das obras do Senhor.

 

Outra coisa que o senhor repete com frequência, neste caso em chave negativa: a Igreja não cresce por proselitismo e a missão da Igreja não é fazer proselitismo. Por que tanta insistência? É para manter as boas relações com as outras Igrejas e o diálogo com as tradições religiosas?

O problema do proselitismo não é apenas o fato que contradiz o caminho ecumênico e o diálogo inter-religioso. Há proselitismo em todos os lugares, há a ideia de fazer com que a Igreja cresça deixando de lado a atração de Cristo e da obra do Espírito, apostando tudo nos chamados “discursos sábios”. Portanto, como primeira coisa, o proselitismo tira o próprio Cristo e o Espírito Santo da missão, mesmo quando pretende agir em nome de Cristo, de maneira nominalista. O proselitismo é sempre violento pela sua natureza, mesmo quando é dissimulado ou feito “com luvas de pelica”. Não suporta a liberdade e a gratuidade com a qual a fé pode se transmitir, pela graça, de pessoa a pessoa. Por isso o proselitismo não é apenas o do passado, dos tempos do antigo colonialismo, ou das conversões forçadas ou compradas com a promessa de vantagens materiais. Hoje também pode haver proselitismo, nas paróquias, nas comunidades, nos movimentos, nas congregações religiosas.

 

Então, o que quer dizer anunciar o Evangelho?

O anúncio do Evangelho que dizer entregar com palavras sóbrias e claras o próprio testemunho de Cristo como fizeram os apóstolos. Mas não é necessário discursos persuasivos. O anúncio do Evangelho pode ser também sussurrado, mas passa sempre pela força arrebatadora do escândalo da cruz. E desde sempre segue o caminho indicado na Carta de São Pedro Apóstolo, que consiste no simples “dar razão” aos outros da própria esperança. Uma esperança que permanece escândalo e tolice aos olhos do mundo.

 

Do que se trata o “missionar” cristão?

Uma característica distintiva é a de ser facilitadores e não controladores da fé. Facilitar, tornar fácil, não pôr obstáculos ao desejo de Jesus de abraçar todos, de curar todos, de salvar todos. Não fazer seleções, não criar “triagens pastorais”. Não fazer parte dos que se colocam à porta para controlar se todos têm requisitos para entrar. Recordo os párocos e as comunidades que em Buenos Aires tinham colocado em campo várias iniciativas para facilitar o acesso ao batismo. Deram-se conta que nos últimos anos estava aumentando o número dos que não eram batizados por vários motivos, mesmo sociológicos, e queriam recordar a todos que ser batizados é uma coisa simples, que todos podem pedir para si e para seus próprios filhos. O caminho que os párocos e aquelas comunidades tomaram era um só: não complicar, não pretender nada, eliminar todas as dificuldades de caráter cultural, psicológico ou prático que poderia levar as pessoas a adiar ou perder a intenção de batizar seus próprios filhos.

 

Na América, no início da evangelização, os missionários discutiam sobre quem seria “digno” de receber o batismo. Como se concluíram aquelas discussões?

Papa Paulo III recusou as teorias dos que sustentavam que os índios eram por natureza “incapazes” de acolher o Evangelho e confirmou a escolha dos que facilitavam o seu batismo. Parecem coisas passadas, mas ainda hoje há círculos e setores que se apresentam como “ilustrados”, iluminados, e sequestram também o anúncio do Evangelho nas suas lógicas distorcidas que dividem o mundo entre “civilização” e “barbárie”. A ideia que o Senhor tenha entre seus preferidos muitas “cabecitas negras” os irrita, deixa-os de mau humor. Eles consideram boa parte da família humana como se fosse uma entidade de classe inferior, inadequada a alcançar, segundo seus padrões, níveis decentes de vida espiritual e intelectual. Nesta base pode-se desenvolver um desprezo pelos povos considerados de segundo nível. Esse tema surgiu também por ocasião do Sínodo dos Bispos para a Amazônia.

 

Hoje existe a tendência de colocar em alternativa dialética o anúncio claro da fé e as obras sociais. Dizem que não precisa reduzir a missão para sustentar as obras sociais. É uma preocupação legítima?

Tudo o que está dentro do horizonte das Bem-Aventuranças e das obras de misericórdia estão de acordo com a missão, já é anúncio, já é missão. A Igreja não é uma ONG, a Igreja é uma outra coisa. Mas a Igreja é também um hospital de campo, onde se acolhe todos, assim como são, cuidando das feridas de todos. E isso faz parte da sua missão. Tudo depende do amor que move o coração dos que atuam. Se um missionário ajuda a escavar um poço em Moçambique, porque se deu conta que é fundamental para os que ele batizou e aos quais prega o Evangelho, como se pode dizer que a obra é separada do anúncio?

 

Atualmente, quais são as novas atenções e sensibilidades a serem exercidas nos processos destinados a tornar fecundo o anúncio do Evangelho, nos vários contextos sociais e culturais?

O cristianismo não dispõe de um único modelo cultural. Como reconheceu João Paulo II, “permanecendo plenamente si mesmo, na total fidelidade ao anúncio evangélico e à tradição eclesial, o cristianismo carregará também o rosto das várias culturas e dos vários povos nos quais foi acolhido e enraizado”. O Espírito Santo embeleza a Igreja, com as expressões novas das pessoas e das comunidades que abraçam o Evangelho. Assim a Igreja, assumindo os valores das várias culturas, torna-se “sponsa ornata monilibus suis”, “a esposa que se enfeita com suas jóias”, da qual fala o profeta Isaías. É verdade que algumas culturas foram estreitamente ligadas à pregação do Evangelho e ao desenvolvimento de um pensamento cristão. Mas nos nossos dias, torna-se ainda mais urgente considerar que a mensagem revelada não se identifica com nenhuma cultura. E no encontro com novas culturas ou com culturas que não acolheram a pregação cristã, não se deve tentar impor uma determinada forma cultural junto com a proposta evangélica. Hoje, também na obra missionária convém mais do que nunca, não carregar bagagem pesada.

 

Missão e martírio. O senhor recordou várias vezes o íntimo vínculo que une estas duas experiências.

Na vida cristã a experiência do martírio e a proclamação do Evangelho a todos têm a mesma origem, a mesma fonte, quando o amor de Deus derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo doa força, coragem e consolação. O martírio é a máxima expressão do reconhecimento e do testemunho feito a Cristo, que representam o cumprimento da missão, da obra apostólica. Penso sempre nos irmãos coptas trucidados na Líbia, que pronunciavam em voz baixa o nome de Jesus enquanto eram degolados. Penso nas Irmãs de Santa Madre Teresa mortas no Iêmen, enquanto cuidavam dos pacientes muçulmanos de uma casa de idosos com deficiências. Quando foram mortas, estavam com o avental de trabalho sobre o hábito religioso. São todos vencedores, não “vítimas”. E seu martírio, até o derramamento de sangue, ilumina o martírio que todos podem sofrer na vida todos os dias, com o testemunho dado a Cristo todos os dias. Isso pode-se ver quando se vai visitar os asilos de missionários idosos, muitas vezes debilitados pela vida que levaram. Um missionário me disse que muitos deles perdem a memória e não recordam mais nada do bem que fizeram. “Mas não tem importância”, me disse “porque disso o Senhor se recorda muito bem”.

 

Gianni Valente

Fonte: Vatican News

O Papa na Capela Santa Marta: o amor de Cristo não é amor de telenovela

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O Papa na Capela Santa Marta: o amor de Cristo não é amor de telenovela

 

Na Missa da manhã desta quinta-feira (31) o Papa convida a entender a ternura do amor de Deus em Jesus por cada um de nós: somente assim podemos compreender realmente o amor de Cristo.

Papa Francisco na Missa da Capela de Santa Marta - Foto: Vatican Media

Papa Francisco na Missa da Capela de Santa Marta – Foto: Vatican Media

 

Que o Espírito Santo nos faça compreender “o amor de Cristo por nós” e prepare os nossos corações para “nos deixarmos amar” pelo Senhor. Esta é a recomendação do Papa Francisco na Missa da manhã desta quinta-feira, na Casa Santa Marta, detendo-se na primeira leitura de hoje, tirada da Carta de São Paulo aos Romanos. Na sua homilia, o Pontífice explica como o Apóstolo dos gentios poderia até parecer “um pouco orgulhoso”, “demasiado confiante” ao afirmar que nem “a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada” conseguirão separar-nos “do amor de Cristo”.

 

 

O amor de uma mãe

 

No entanto, o Papa afirma, lendo São Paulo, “somos mais do que vencedores” com o amor do Senhor. São Paulo foi um deles porque, explica Francisco, desde o momento em que “o Senhor o chamou na estrada de Damasco, começou a compreender o mistério de Cristo”: “tinha-se apaixonado por Cristo”, tomado – observa o Papa – de “um amor forte”, “grande”, não uma “trama” de “telenovela”. Um amor “sincero”, a ponto de “sentir que o Senhor sempre o acompanhava em coisas belas e feias”.

 

“Ele sentia isto com amor. E eu me pergunto: eu amo o Senhor assim? Quando chegam os maus momentos, quantas vezes se sente o desejo de dizer: “O Senhor abandonou-me, já não me ama mais” e gostaria de deixar o Senhor. Mas Paulo estava certo de que o Senhor nunca abandona. Compreendera o amor de Cristo em sua própria vida. Este é o caminho que Paulo nos mostra: o caminho do amor, sempre, no bom e no mau, sempre e avante. Esta é a grandeza de Paulo”.

 

Dar a vida pelo outro

 

O amor de Cristo, acrescenta o Pontífice, “não se pode descrever”, é algo muito grande.

 

Foi Ele quem foi enviado pelo Pai para nos salvar e o fez com amor, deu a vida por mim: não há amor maior do que dar a vida por outra pessoa. Pensemos em uma mãe, o amor de uma mãe, por exemplo, que dá a vida pelo filho, acompanha-o sempre, a vida toda, nos momentos difíceis, mas ainda é pouco… É um amor próximo de nós, o amor de Jesus não é um amor abstrato, é um amor eu-tu, eu-tu, cada um de nós, com nome e sobrenome.

 

O pranto de cada um de nós

 

No Evangelho de Lucas, o Papa nota “algo do amor concreto de Jesus”. Falando de Jerusalém, Jesus recordou quando tentou recolher seus filhos “como a galinha com seus pintinhos debaixo das asas”, e lhe foi impedido. Então “chorou”.

 

O amor de Cristo o leva ao pranto, ao pranto por cada um de nós. Que ternura há nesta expressão. Jesus podia condenar Jerusalém, dizer coisas negativas… E se lamenta porque não se deixa amar como os pintinhos da galinha. A ternura do amor de Deus em Jesus. E Paulo tinha entendido isso. Se não formos capaz de sentir, de entender a ternura do amor de Deus em Jesus por cada um de nós, jamais poderemos entender o que é o amor de Cristo. É um amor assim, espera sempre, paciente, o amor que joga a última carta com Judas: “Amigo”, livra-o, até o fim. Também com nossos grandes pecadores, até o fim Ele ama com esta ternura. Não sei se pensamos em Jesus tão terno, em Jesus que chora, como chorou diante do túmulo de Lázaro, como chorou aqui, olhando Jerusalém.

 

Um amor que se faz lágrima

 

Portanto Francisco exorta a nos perguntar se Jesus chora por nós, ele que nos deu “tantas coisas” enquanto nós muitas vezes decidimos “tomar outro caminho”. O amor de Deus “se faz lágrima, se faz pranto, pranto de ternura em Jesus”, reitera. Por isso, conclui o Pontífice, São Paulo “tinha se apaixonado por Cristo e nada podia separá-lo d’Ele”.

 

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

Papa: além de uma mensagem de paz, a paz como mensagem

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Papa: além de uma mensagem de paz, a paz como mensagem

 

O Papa Francisco visitou a Universidade Lateranense, para o momento conclusivo do Simpósio sobre “Educação, direitos humanos, paz. Os instrumentos da ação intercultural e o papel das religiões”. Na ocasião foi inaugurada uma mostra dedicada ao cardeal Jean-Louis Tauran, “homem de diálogo e construtor de paz” disse o Papa

 

Na tarde desta quinta-feira (31) o Papa Francisco foi até a Pontifícia Universidade Lateranense de Roma para o momento conclusivo do Simpósio sobre “Educação, direitos humanos, paz. Os instrumentos da ação intercultural e o papel das religiões”. Na ocasião, foi realizada a inauguração de uma mostra sobre a educação à paz em memória do cardeal Jean-Louis Tauran. Francisco encontrou Representantes das Igrejas, das Comunidades e das Religiões, e diplomatas.

Papa Francisco visita Universidade Lateranense - Foto: Vatican Media

Papa Francisco visita Universidade Lateranense – Foto: Vatican Media

 

Pacto Educativo Global

 

No seu discurso afirmou: “Educar à paz quer dizer dar alívio e resposta aos que, infelizmente muitos, são condenados à morte ou ao abandono de seus lares e país de origem por causa dos conflitos e das guerras”. Francisco deixou claro que não podemos ficar indiferentes e nos limitarmos a invocar a paz, mas devemos construir e proteger diariamente a paz, dirigindo nossa oração a Deus.

 

Sobre as responsabilidades para com as novas gerações, o Papa recordou que:

“Não é suficiente ser críticos com relação ao passado ou ao presente, é necessário mostrar criatividade e propostas para o futuro, ajudando cada pessoa a crescer para se tornar protagonista e não apenas uma espectadora”

 

Por isso a necessidade de um “pacto educativo amplo e em condições de transmitir não apenas conhecimentos de conteúdos técnicos, mas também e sobretudo de sabedoria humana e espiritual, feita com justiça, retidão, comportamentos virtuosos e em condições de ser realizados concretamente”.

 

Reforçando sua afirmação diz que diante da falta de paz, não é suficiente invocar a liberdade, proclamar direitos ou utilizar a autoridade nas suas diversas formas.

 

“Ocorre principalmente se colocar em discussão, recuperar a capacidade de estar entre as pessoas, dialogar com elas e compreender as suas exigências, talvez com a nossa fragilidade, que pode ser o modo mais autêntico para sermos acolhidos quando falamos de paz”

 

Cardeal Tauran: construtor da paz

 

Ao comentar as obras da mostra, cuja linguagem é de diálogo, e se propõem como instrumentos para abrir novos caminhos de paz, o Papa afirmou que esse momento é ainda mais significativo porque nos recorda a obra de um homem de diálogo e construtor de paz, o cardeal Jean-Louis Tauran.

 

“A sua vida foi dedicada ao diálogo principalmente o diálogo com Deus, que o cristão, o sacerdote, o bispo Tauran cultivou, ao qual se inspirou nas suas escolhas e ações e encontrou conforto durante sua doença”

 

Depois de recordar que o Cardeal também foi homem do diálogo entre os povos, governos e instituições internacionais, pelo seu papel na diplomacia, completou recordando que:

“Como Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, nos fez entender que não basta deter-se diante do que se aproxima, mas é necessário explorar novas possibilidades para que as várias tradições religiosas possam transmitir, além de uma mensagem de paz, a paz como mensagem”.

 

Jane Nogara – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News