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Papa: a missão não pode ser um peso, mas um dom para oferecer

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Papa: a missão não pode ser um peso, mas um dom para oferecer

 

No Dia Mundial das Missões, celebrado neste domingo (20) no âmbito do Mês Extraordinário Missionário, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa na Basílica de São Pedro. O Pontífice usou o substantivo ‘monte’, o verbo ‘subir’ e o pronome ‘todos’ para encorajar o testemunho de milhares de missionários no mundo.

 

Uma celebração eucarística caracterizada pela comunhão dos povos na Basílica de São Pedro. Na manhã deste domingo (20), o Papa Francisco presidiu uma missa, por ocasião do Dia Mundial das Missões no âmbito do Mês Missionário Extraordinário. A cerimônia foi especialmente animada pela genuína participação do coro e orquestra “Palmarito e Urubichà”, da Bolívia.

Papa no dia Mundial das Missões - Foto: Vatican Media

Papa no dia Mundial das Missões – Foto: Vatican Media

 

Na homilia, o Papa usou o substantivo monte, o verbo subir e o pronome todos, extraídos das leituras do dia, para encorajar o testemunho de milhares de missionários no mundo.

 

monte, lugar de grandes encontros

 

Ao iniciar falando do monte, Francisco indicou aquele da Galileia, mas que poderia o do Sinai, do Tabor ou das Oliveiras, mas sempre “o monte parece ser o lugar onde Deus gosta de marcar encontro com toda a humanidade”.

 

“A nós, o que nos diz o monte? Que somos chamados a nos aproximar de Deus e dos outros: nos aproximar de Deus, o Altíssimo, no silêncio, na oração, nos afastando das maledicências e boatos que poluem; e nos aproximar também dos outros.”

 

Francisco então falou da importância de olhar o outro de uma outra perspectiva, do alto do monte, onde descobrimos que “a harmonia da beleza só é dada pelo conjunto”.

 

“O monte nos lembra que os irmãos e as irmãs não devem ser selecionados, mas abraçados com o olhar e sobretudo com a vida. O monte liga Deus e os irmãos num único abraço, o da oração. O monte nos leva para o alto, longe de tantas coisas materiais que passam; nos convida a redescobrir o essencial, o que permanece: Deus e os irmãos. A missão começa no monte: lá se descobre aquilo que conta. No coração deste mês missionário, vamos nos interrogar: para mim, o que é que conta na vida? Quais são as altitudes para onde vou?”

 

subir, um êxodo do próprio eu

 

O Papa partiu para o verbo que acompanhe o substantivo monte: o subir, já que “nascemos, não para ficar em terra nos contentando com coisas triviais, mas para chegar às alturas encontrando Deus e os irmãos”.

 

“ Para isso, porém, é preciso subir: é preciso deixar uma vida horizontal, lutar contra a força de gravidade do egoísmo, realizar um êxodo do próprio eu. Por isso, subir requer esforço, mas é a única maneira para ver tudo melhor, como o panorama mais bonito ao escalar a montanha só se vê no cimo. ”

 

O Papa recordou que a subida muitas vezes não é fácil, pois estamos carregados de coisas e é preciso deixar de lado o que não serve:

“É também o segredo da missão: para partir é preciso deixar, para anunciar é preciso renunciar. O anúncio credível é feito, não de bonitas palavras, mas de vida boa: uma vida de serviço, que sabe renunciar a tantas coisas materiais que empequenecem o coração, tornam as pessoas indiferentes e as fecham em si mesmas; uma vida que se separa das inutilidades que enchem o coração e encontra tempo para Deus e para os outros. Podemos nos interrogar: Como procede a minha subida? Sei renunciar às bagagens pesadas e inúteis do mundanismo para subir ao monte do Senhor?”

 

O pronome todos, a missão de todos

 

O que prevalece, porém, nas leituras, é o pronome todos, disse Francisco, repetido várias vezes: todos os povos, todas as nações, todos os homens.

 

“O Senhor Se obstina a repetir esse «todos». Sabe que somos teimosos a repetir «meu» e «nosso»: as minhas coisas, a nossa nação, a nossa comunidade… e Ele não Se cansa de repetir «todos». Todos, porque ninguém está excluído do seu coração, da sua salvação; todos, para que o nosso coração ultrapasse as alfândegas humanas, os particularismos baseados nos egoísmos que não agradam a Deus. Todos, porque cada qual é um tesouro precioso e o sentido da vida é dar aos outros este tesouro. Eis a missão: subir ao monte para rezar por todos, e descer do monte para se doar a todos.”

 

“Subir e descer… assim o cristão está sempre em movimento, em saída”, e “ao encontro de todos, não apenas dos seus e do seu grupinho”, enfatizou o Papa, que provocou mais questionamentos a todos: “assumimos o convite de Jesus ou nos ocupamos apenas das nossas coisas?”.

 

A missão, disse Francisco, é “mostrar, com a vida e mesmo com palavras, que Deus ama a todos e não se cansa jamais de ninguém”. E o Papa finalizou afirmando que “cada um de nós é uma missão nesta terra”.

 

“Vai com amor ao encontro de todos, porque a tua vida é uma missão preciosa: não é um peso a suportar, mas um dom a oferecer. Coragem! Sem medo, vamos ao encontro de todos! ”

 

 

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

Francisco: aprender a ir além, olhar a pessoa e as intenções de seu coração

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Francisco: aprender a ir além, olhar a pessoa e as intenções de seu coração

 

O Papa convidou os fiéis a aprenderem de Pedro “que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”.

 

O Papa Francisco prosseguiu o ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral, desta quarta-feira (16/10), que teve como tema “Deus não faz diferença entre as pessoas. Pedro e a efusão do Espírito Santo sobre os pagãos”.

Papa Francisco na Audiência Geral - Foto: Vatican Media

 

“A viagem do Evangelho no mundo, que São Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, é acompanhada pela suprema criatividade de Deus que se manifesta de forma surpreendente”, frisou o Papa, destacando que o Senhor “deseja que os seus filhos superem toda particularidade para se abrirem à universalidade da salvação. Este é o objetivo, pois Deus quer que todos sejam salvos”.

 

Sair de si e se abrir aos outros

 

Aqueles que renasceram da água e do Espírito são chamados a “saírem de si mesmos e se abrirem aos outros, a viverem a proximidade, o estilo do viver juntos que transforma toda relação interpessoal em experiência de fraternidade”, disse ainda Francisco.

 

Pedro é testemunha desse processo de “fraternização” que o Espírito quer desencadear na história. Pedro, protagonista nos Atos dos Apóstolos junto com Paulo, “vive um evento que dá uma virada decisiva na sua existência. Enquanto reza, tem uma visão que é como uma provocação” divina que desperta nele uma mudança de mentalidade.

 

“Ele vê uma toalha grande que desce do alto com vários animais: quadrúpedes, répteis e pássaros, e ouve uma voz que o convida a comer aquelas carnes. Como um bom judeu, Pedro reage, dizendo que nunca comeu nada de impuro, conforme pedido pela Lei do Senhor. Então a voz rebate com força: «Não chame de impuro o que Deus purificou».

 

“ Com esse fato, o Senhor quer que Pedro não avalie mais os eventos e as pessoas de acordo com as categorias de puro e impuro, mas que aprenda a ir além, a olhar a pessoa e as intenções de seu coração. ”

 

“O que torna o homem impuro, de fato, não vem de fora, mas de dentro, do coração. Jesus disse isso claramente.”

 

Segundo o Papa, depois dessa visão, Deus envia Pedro à casa de um estrangeiro incircunciso, Cornélio, “centurião da coorte chamada itálica, religioso e temente a Deus”, que dá muitas esmolas ao povo e orava sempre a Deus, mas não era judeu. Naquela casa de pagãos, Pedro prega Cristo crucificado e ressuscitado e o perdão dos pecados a quem Nele crê. Enquanto Pedro fala, o Espírito Santo desce sobre Cornélio e seus familiares. Pedro os batiza em nome de Jesus Cristo.

 

Um evangelizador não pode ser um empecilho 

 

“Esse fato extraordinário fica conhecido em Jerusalém, onde os irmãos, escandalizados pelo comportamento de Pedro, o repreendem severamente. Pedro fez algo que estava além do costume, além da lei! Por isso, eles o censuram”, sublinhou Francisco.

 

“Depois do encontro com Cornélio, Pedro está mais livre de si mesmo e mais em comunhão com Deus e com os outros, porque viu a vontade de Deus na ação do Espírito Santo. Ele entendeu que a eleição de Israel não é a recompensa pelo mérito, mas sinal do chamado gratuito para ser mediação da bênção divina entre os povos pagãos.”

 

O Papa convidou os fiéis a aprenderem do “príncipe dos Apóstolos que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus que quer que todos se salvem, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”.

 

A seguir, Francisco perguntou: “Como nos comportamos com os nossos irmãos, sobretudo com aqueles que não são cristãos. Somos um empecilho para o encontro com Deus? Somos um obstáculo para o seu encontro com o Pai ou o facilitamos?”

“Peçamos a graça de nos deixar surpreender pelas surpresas de Deus, de não impedir a sua criatividade, mas de reconhecer e favorecer os caminhos sempre novos pelos quais Cristo Ressuscitado derrama o seu Espírito no mundo e atrai os corações”, concluiu o Pontífice.

 

 

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

 

O Papa convidou os fiéis a aprenderem de Pedro “que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”.

 

O Papa Francisco prosseguiu o ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral, desta quarta-feira (16/10), que teve como tema “Deus não faz diferença entre as pessoas. Pedro e a efusão do Espírito Santo sobre os pagãos”.

 

“A viagem do Evangelho no mundo, que São Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, é acompanhada pela suprema criatividade de Deus que se manifesta de forma surpreendente”, frisou o Papa, destacando que o Senhor “deseja que os seus filhos superem toda particularidade para se abrirem à universalidade da salvação. Este é o objetivo, pois Deus quer que todos sejam salvos”.

 

Sair de si e se abrir aos outros

 

Aqueles que renasceram da água e do Espírito são chamados a “saírem de si mesmos e se abrirem aos outros, a viverem a proximidade, o estilo do viver juntos que transforma toda relação interpessoal em experiência de fraternidade”, disse ainda Francisco.

 

Pedro é testemunha desse processo de “fraternização” que o Espírito quer desencadear na história. Pedro, protagonista nos Atos dos Apóstolos junto com Paulo, “vive um evento que dá uma virada decisiva na sua existência. Enquanto reza, tem uma visão que é como uma provocação” divina que desperta nele uma mudança de mentalidade.

 

“Ele vê uma toalha grande que desce do alto com vários animais: quadrúpedes, répteis e pássaros, e ouve uma voz que o convida a comer aquelas carnes. Como um bom judeu, Pedro reage, dizendo que nunca comeu nada de impuro, conforme pedido pela Lei do Senhor. Então a voz rebate com força: «Não chame de impuro o que Deus purificou».

 

“ Com esse fato, o Senhor quer que Pedro não avalie mais os eventos e as pessoas de acordo com as categorias de puro e impuro, mas que aprenda a ir além, a olhar a pessoa e as intenções de seu coração. ”

 

“O que torna o homem impuro, de fato, não vem de fora, mas de dentro, do coração. Jesus disse isso claramente.”

 

Segundo o Papa, depois dessa visão, Deus envia Pedro à casa de um estrangeiro incircunciso, Cornélio, “centurião da coorte chamada itálica, religioso e temente a Deus”, que dá muitas esmolas ao povo e orava sempre a Deus, mas não era judeu. Naquela casa de pagãos, Pedro prega Cristo crucificado e ressuscitado e o perdão dos pecados a quem Nele crê. Enquanto Pedro fala, o Espírito Santo desce sobre Cornélio e seus familiares. Pedro os batiza em nome de Jesus Cristo.

 

Um evangelizador não pode ser um empecilho 

 

“Esse fato extraordinário fica conhecido em Jerusalém, onde os irmãos, escandalizados pelo comportamento de Pedro, o repreendem severamente. Pedro fez algo que estava além do costume, além da lei! Por isso, eles o censuram”, sublinhou Francisco.

 

“Depois do encontro com Cornélio, Pedro está mais livre de si mesmo e mais em comunhão com Deus e com os outros, porque viu a vontade de Deus na ação do Espírito Santo. Ele entendeu que a eleição de Israel não é a recompensa pelo mérito, mas sinal do chamado gratuito para ser mediação da bênção divina entre os povos pagãos.”

 

O Papa convidou os fiéis a aprenderem do “príncipe dos Apóstolos que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus que quer que todos se salvem, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”.

 

A seguir, Francisco perguntou: “Como nos comportamos com os nossos irmãos, sobretudo com aqueles que não são cristãos. Somos um empecilho para o encontro com Deus? Somos um obstáculo para o seu encontro com o Pai ou o facilitamos?”

“Peçamos a graça de nos deixar surpreender pelas surpresas de Deus, de não impedir a sua criatividade, mas de reconhecer e favorecer os caminhos sempre novos pelos quais Cristo Ressuscitado derrama o seu Espírito no mundo e atrai os corações”, concluiu o Pontífice.

 

 

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

Sínodo – Igreja comprometida contra violações dos direitos dos povos amazônicos

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Sínodo – Igreja comprometida contra violações dos direitos dos povos amazônicos

 

Com a 9ª Congregação Geral teve início a segunda das três semanas do Sínodo especial para a Região Pan-Amazônica que se concluirá em 27 de outubro. Na manhã desta segunda-feira (14/10) encontravam-se presentes 179 padres sinodais. Junto com o Papa elevaram uma oração a Deus pelo Equador

 

O Sínodo é um kairos tempo de graça: a Igreja coloca-se à escuta, em atitude empática e caminha ao lado dos povos originários da selva: periferias geográficas e existenciais que receberam o dom de contemplar diariamente o “Fiat”, a Palavra pronunciada por Deus. Efetivamente, a criação é uma Bíblia verde que revela o Criador e na celebração dos sacramentos o compromisso ecológico encontra seu fundamento mais profundo.

 

Formação permanente e catecumenato por Igreja em saída

Sínodo - Congregação Geral - Foto: Vatican Media

Sínodo – Congregação Geral – Foto: Vatican Media

 

Diante da sensível diminuição de comunidades religiosas na região, como se verifica, por exemplo, no Estado brasileiro do Pará, onde se está passando de uma pastoral de presença a uma visita, pede-se às Congregações religiosas que recuperem o entusiasmo missionário.

 

Ao mesmo tempo, é preciso oferecer uma formação constante e caminhos de catecumenato baseado não somente em livros de estudo, mas sobre a experiência concreta em contato direto com a cultura local.

 

Assumir um rosto amazônico significa compreender sinais e símbolos, próprios destes povos e conviver numa ótica de diálogo e intercultural, encorajando o aprofundamento de uma teologia indígena, a fim de que a liturgia responda sempre mais à cultura local.

 

Isso implica um dinamismo: sair das nossas estruturas e perspectivas. Em alguns casos a Igreja em saída na Amazônia já é uma realidade. São muitos exemplos de presença pastoral finalizada a encorajar os indígenas, esquecidos do mundo, a assumir as rédeas de seu destino. Jamais, porém, ceder à tentação de uma evangelização baseada exclusivamente em programas assistenciais.

 

Ao mesmo tempo, a Igreja é chamada a enfrentar os desafios apresentados, de um lado, pela proliferação das seitas religiosas e, do outro, por uma cultura relativista proveniente de países industrializados.

 

A contribuição no âmbito internacional

 

A Igreja é chamada a fazer ouvir a sua voz. Há quem disse que as representações pontifícias poderiam continuar desempenhando um papel essencialmente junto a governos e organismos internacionais a fim de promover as instâncias das populações amazônicas, acerca de seus direitos à terra, à água, à floresta.

 

Ademais, a Igreja na Amazônia é chamada a promover uma economia circular respeitosa da sabedoria e das práticas locais. Foi também evocada a criação de um observatório eclesial internacional sobre a violação dos direitos humanos das populações amazônicas.

 

Em seguida, a exortação: os países industrializados expressem maior solidariedade em favor dos países com economias frágeis, inclusive pelo fato que constituem um taxa mais elevada de poluição.

 

O Sínodo, com a multiplicidade de intervenções e pontos de reflexão expostos na sala, está reforçando nos participantes a ideia de uma Igreja unida em torno dos desafios da região pan-amazônica. Cada região do mundo sente a proximidade da Amazônia e os frutos desta assembleia especial serão úteis para a Igreja presente no mundo inteiro.

 

Comunicação favoreça interconexão

 

A Amazônia é um mundo multiétnico, multicultural e multirreligioso onde muitas sementes do Verbo já pegaram e estão dando fruto. É desejável a criação de um ecossistema de comunicação eclesial pan-amazônico que seja reflexo da interconexão da humanidade inteira. A ideia não é tanto tecer uma rede de cabos, mas de pessoas humanas.

 

As grandes dificuldades de mobilidade na imensa região exigem, com urgência, uma maior eficácia e capilaridade dos meios de comunicação social. É preciso, ao mesmo tempo, ajudar os povos a saber ler criticamente a informação difundida de modo superficial por alguns meios de comunicação, desmascarando toda forma de manipulação, distorção ou espetacularização.

 

Os ministérios e o discernimento

 

A presença é fundamental. Não somente de sacerdotes e bispos, mas também de colaboradores leigos, homens e mulheres. Um animador, seja ele catequista, leitor, que dê assistência aos enfermos, diácono ou ministro extraordinário da Eucaristia, exerce seu sacerdócio batismal quando assume uma atitude de serviço e não de poder ou domínio.

 

As mulheres são preciosas colaboradoras da missão da Igreja na Amazônia, insubstituíveis no cuidado samaritano, na custódia e na tutela da vida. Ao mesmo tempo, no âmbito da educação foi evidenciada a urgência de transmitir a fé, motivar os jovens a construir o próprio projeto de vida, promover o cuidado da Casa Comum, aumentar a rejeição à chaga do tráfico de pessoas, contrastar o analfabetismo e o abandono escolar.

 

Os jovens devem ser ajudados a integrar os conhecimentos ancestrais com os saberes mais modernos a fim de que ambos concorram para o “bom viver”.

 

Sob a ação do Espírito, cum Petrus e sub Petrus, a Igreja é impulsionada a uma conversão numa ótica amazônica e a empreender sem medo um discernimento e uma reflexão sobre o tema do sacerdócio, ouvindo também a hipótese de ordenar pessoas casadas, sem jamais diluir o valor do celibato.

 

De fato, é preciso ter sempre diante de si o drama das populações que não podem celebrar a Eucaristia por falta de presbíteros ou que recebem o Corpo de Cristo somente uma ou duas vezes por ano.

 

Foi sugerida uma reflexão sobre uma eventual atualização da Carta apostólica Ministeria Quaedam de Paulo VI. Também foi sugerida a introdução de diáconos e diáconas permanentes indígenas que através do ministério da Palavra ajudem o povo local a compreender melhor os Textos Sagrados.

 

Tutela da Casa Comum e exploração irresponsável

 

Foi lançada também a ideia de se criar comunidades cristãs eco-interculturais abertas ao diálogo interinstitucional e inter-religioso que ensinem novos estilos de vida orientados pelo cuidado da Casa Comum. As companhias petrolíferas e de exploração da madeira danificam o ambiente e minam a existência dos povos – foi a denúncia.

 

Efetivamente, os indígenas não obtêm nenhum benefício da extração dos recursos florestais e minerais de suas terras. Portanto, é preciso desmascarar com força a corrupção galopante que alimenta disparidades e injustiças e interrogar-se sobre o que deixaremos às futuras gerações. Também a grande ameaça constituída pelo narcotráfico deve ser contrastada junto com toda conivência que o alimenta.

 

Acesso ao alimento e respeito pelos ecossistemas

 

Foi também dado espaço ao tema da soberania alimentar: todo povo tem o direito de escolher o que cultivar, o que comer e como garantir o acesso ao alimento no respeito pelos ecossistemas.

 

Uma parte relevante da biodiversidade agroalimentar na Amazônia é ainda desconhecida e foi até agora preservada pelas populações locais. Ela não pode acabar sendo explorada por poucos e tirada da população, como aconteceu no campo médico, onde plantas e princípios ativos enriqueceram multinacionais farmacêuticas, sem restituir nada ao povo.

 

Fonte: Vatican News – Cidade do Vaticano

 

Papa: a relação de gratuidade com Deus nos ajuda a servir os outros

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Papa: a relação de gratuidade com Deus nos ajuda a servir os outros

 

Não há relação com Deus fora da gratuidade. Foi o que recordou o Papa nesta manhã exortando a alargar o coração para receber a graça e, na vida espiritual, a não escorregar “no pagamento”.

Papa Francisco - Santa Marta - Foto: Vatican Media

Papa Francisco – Santa Marta – Foto: Vatican Media

 

Dê de graça o que você recebeu de Deus de graça. A homilia do Papa Francisco nesta manhã na Casa Santa Marta é toda sobre a gratuidade de Deus e, portanto, sobre a gratuidade a ter com os outros, seja com o testemunho seja com o serviço. O convite é, portanto, a alargar o coração para que a graça venha. A graça, de fato, não se compra. E a servir o povo de Deus, não usá-lo.

 

A vocação é servir, não para “usar”

 

A reflexão do Papa Francisco parte da passagem do Evangelho de hoje (Mt 10,7-13) sobre a missão dos apóstolos, a missão de cada um dos cristãos, ser enviado. Um cristão não pode ficar parado”, a vida cristã é “abrir caminho, sempre”, recorda o Papa comentando as palavras de Jesus no Evangelho: “No vosso caminho, pro­clamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Cu­rai doentes, ressuscitai mortos, puri­ficai leprosos, expulsai demônios”. Esta é, portanto, a missão e se trata de uma “vida de serviço”.

 

A vida cristã é para servir. É muito triste quando encontramos cristãos que, no início da sua conversão ou da sua consciência de serem cristãos, servem, estão abertos a servir, servem o povo de Deus, e depois acabam usando o povo de Deus. Isto faz tanto mal, tanto mal ao povo de Deus. A vocação é para “servir”, não para “usar”.

 

 

Alargar o coração

 

A vida cristã é então “uma vida de gratuidade”. Ainda na passagem evangélica proposta pela Liturgia de hoje, o Senhor vai ao coração da salvação: “De graça re­ce­bestes, de graça deveis dar”. A salvação, “não se compra”, “é-nos dada gratuitamente”, recorda-nos o Papa, sublinhando que Deus, de fato, “nos salva gratuitamente”, “não nos faz pagar”. E como Deus fez conosco, assim “devemos fazer com os outros”. E precisamente esta gratuidade de Deus “é uma das coisas mais belas”.

 

Saber que o Senhor é cheio de dons para nos dar. Somente, pede uma coisa: que o nosso coração se abra. Quando dizemos “Pai nosso” e rezamos, abrimos o coração para que esta gratuidade venha. Não há relação com Deus fora da gratuidade. Às vezes, quando precisamos de algo espiritual ou de uma graça, dizemos: “Bem, agora vou jejuar, vou fazer uma penitência, vou fazer uma novena…”. Certo, mas tenham cuidado: isto não é para “pagar pela graça, para “adquirir” graça; isto é para ampliar seu coração para que a graça possa vir. A graça é gratuita.

 

Todos os bens de Deus são gratuitos – continua o Papa Francisco – mas adverte que o problema é que “o coração se encolhe, se fecha” e não é capaz de receber “tanto amor gratuito”. Não devemos negociar com Deus, recorda o Papa, “com Deus não se negocia”.

 

Dar gratuitamente

 

Depois o convite para dar de graça. E isto, sublinha o Papa, é especialmente “para nós, pastores da Igreja”, “para não vender a graça”. “Dói muito, disse, quando há pastores” que fazem negócios com a graça de Deus: “Eu faço isto, mas isto custa tanto, tanto…”. A graça do Senhor é gratuita e “você – disse – deve dá-la gratuitamente”.

 

Na nossa vida espiritual temos sempre o perigo de escorregar no pagamento, sempre, mesmo falando com o Senhor, como se quiséssemos dar um suborno ao Senhor. Não! A coisa não vai por ali! Não vai por esse caminho. “Senhor, se me fizeres isto, eu dou-te isto,” não. Eu faço essa promessa, mas isso alarga meu coração para receber o que está lá, gratuito para nós. Esta relação de gratuidade com Deus é a que nos ajudará depois a tê-la com os outros, seja no nosso testemunho cristão seja no serviço cristão e na vida pastoral daqueles que são pastores do povo de Deus. No caminho. A vida cristã é caminhar. Pregar, servir, não “fazer uso de”. Sirvam e deem de graça o que receberam de graça. Que a nossa vida de santidade seja este ampliar o coração, para que a gratuidade de Deus, as graças de Deus que estão ali, gratuitas, que Ele quer nos dar, possam chegar ao nosso coração. Que assim seja.

 

Assista ao vídeo da Santa Missa

 

Debora Donnini, Silvonei José – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

 

Papa Francisco: há um oceano oculto de bem que nos faz esperar por um mundo de paz

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Papa Francisco: há um oceano oculto de bem que nos faz esperar por um mundo de paz

 

Numa declaração, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, expressa a satisfação do Pontífice pelo nascimento do Comitê Superior para perseguir os objetivos contidos no Documento sobre a Fraternidade Humana para a paz mundial e a convivência comum.

 

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, divulgou uma declaração, nesta segunda-feira (26/08), “a propósito da recente criação do Comitê Superior para se alcançar os objetivos contidos no Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da paz mundial e da convivência comum”.

Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar, Ahmad al-Tayyib, durante a assinatura do Documento sobre a Fraternidade Humana - Foto: Vatican Media

Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar, Ahmad al-Tayyib, durante a assinatura do Documento sobre a Fraternidade Humana – Foto: Vatican Media

 

O documento foi assinado, em fevereiro passado, pelo Grão Imame de Al-Azhar e o Papa Francisco, durante sua viagem apostólica aos Emirados Árabes Unidos.

 

Segundo a nota do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Pontífice recebeu com alegria a notícia da iniciativa e observou: «Embora muitas vezes, infelizmente, seja o mal, o ódio, a divisão a fazer notícia, há um oceano oculto de bem que cresce e nos faz esperar no diálogo, no conhecimento mútuo, na possibilidade de construir juntos com os fiéis de outras religiões e com todos os homens e mulheres de boa vontade, um mundo de fraternidade e de paz».

 

Ouça o áudio da reportagem:

 

Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa Angelus: A fé autêntica e madura é capaz de iluminar as muitas “noites” da vida

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Papa Angelus: A fé autêntica e madura é capaz de iluminar as muitas “noites” da vida

Francisco: “quem confia em Deus sabe bem que a vida de fé não é algo estático, mas é dinâmica: é um caminho contínuo, para ir para etapas sempre novas, que o próprio Senhor indica dia após dia.

Papa durante o Angelus - Foto: ANSA

Papa durante o Angelus – Foto: ANSA

 

O Papa Francisco rezou ao meio-dia deste domingo (11/08) o Angelus com os milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Na sua alocução que precedeu a oração mariana o Santo Padre citou a página evangélica do domingo na qual Jesus chama os seus discípulos à vigilância constante para captar a passagem de Deus na própria vida, porque Deus continuamente passa na nossa vida.

 

Francisco sublinhou que “a verdadeira fé abre o coração ao próximo e encoraja a comunhão com os irmãos, especialmente com aqueles que estão na necessidade”. Chamou então a atenção a todos os fiéis que se professam cristãos que “ninguém pode retirar-se intimamente na certeza da sua própria salvação, desinteressando-se dos outros”.

 

O Pontífice exortou “a não criar raízes em cômodas e tranquilizadoras habitações, mas abandonar-se com simplicidade e confiança à vontade de Deus, que nos guia para a próxima meta.

 

“O Senhor sempre caminha conosco e tantas vezes nos pega pela mão, para nos guiar, para não errarmos neste caminho tão difícil. De fato, quem confia em Deus sabe bem que a vida de fé não é algo estático, mas é dinâmica: é um caminho contínuo, para ir para etapas sempre novas, que o próprio Senhor indica dia após dia. Porque Ele é o Senhor das surpresas, o Senhor das novidades, mas das verdadeiras novidades”.

 

E depois – continuou Francisco – nos é pedido para mantermos as “lâmpadas acesas” para sermos capazes de iluminar a escuridão da noite. Somos convidados, isto é, a viver uma fé autêntica e madura, capaz de iluminar as muitas “noites” da vida. “E sabemos, todos nós tivemos dias que eram verdadeiras noites espirituais”. “A lâmpada da fé precisa ser alimentada continuamente, com o encontro coração a coração com Jesus na oração e na escuta da sua Palavra”.

 

O Papa recordou então o que já dissera várias vezes: “carreguem sempre com vocês um pequeno Evangelho no bolso, na bolsa, para o lê-lo. É um encontro com Jesus, com a Palavra de Jesus. Esta lâmpada do encontro com Jesus na oração e na sua Palavra nos é confiada para o bem de todos”. E sublinhou: “é uma fantasia crer que alguém possa iluminar-se de dentro. Não, é uma fantasia”.

 

Francisco disse ainda que Jesus, para nos fazer compreender a atitude de espera, conta a parábola dos servos que esperam o retorno do patrão quando regressa de um casamento, apresentando assim outro aspecto da vigilância: estar prontos para o encontro último e definitivo com o Senhor. Cada um de nós vai se encontrar com Ele naquele dia do encontro. Cada um de nós tem a sua própria data para o encontro final.

 

O Papa observou que “a vida é um caminho em direção à eternidade; por isso, somos chamados a fazer frutificar todos os talentos que temos, nunca esquecendo que não temos aqui a cidade estável, mas estamos à procura da cidade futura”. Nesta perspectiva o Pontífice concluiu, “cada momento se torna precioso”, com vista a “construir um mundo mais justo e fraterno”.

 

Silvonei José – Cidade do Vaticano

 

Fonte: Vantican News

Esperamos confiantes no Senhor

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Esperamos confiantes no Senhor

 

Dom Orani: “Iniciamos hoje a Semana Nacional da Família que vai do dia 11 ao dia 17 e tem como tema A família, como vai? ”

Cristo Pantocrator - Foto: Vatican Media

Cristo Pantocrator – Foto: Vatican Media

 

É com muita alegria que neste domingo, 19º Domingo do tempo Comum, dia do Senhor, comemoramos o dia dos pais. Dentro deste mês vocacional, rezamos nesta semana pela vocação familiar, fazendo uma saudação especial a todos os pais, que assumem a paternidade e estão junto com suas esposas formando famílias cristãs, abraçando esta responsabilidade de passar aos filhos a fé, os valores básicos da vida em sociedade, ajuda-los no crescimento pessoal,  espiritual, material, cultural, quem os preparem para viver cada vez mais sua vida de bons cristãos, bons seres humanos que possam fazer a diferença ali onde se encontrem. Rezamos também por todos os pais falecidos, para que estejam junto do Pai Eterno cuidado de nós.

 

Rezando pela família e pela vocação matrimonial neste segundo domingo do mês vocacional, consideramos o aspecto natural da relação e atração homem e mulher em sua complementariedade, mas consideramos também o aspecto da vocação, chamados por Deus a ser família e continuadores da obra da criação, a estar com Cristo no centro da vida familiar, sendo esta realidade o que dá sentido à vida do marido, da esposa e dos filhos, à semelhança da Sagrada Família de Nazaré que tema  centralidade de Cristo como seu fundamento.

 

Iniciamos hoje a Semana Nacional da Família que vai do dia 11 ao dia 17 e tem como tema A família, como vai? Esperamos que em nossa arquidiocese, paróquias e comunidades possam refletir, aprofundar e fortalecer os laços familiares daqueles que caminham em família, na comunidade cristã, sendo ao mesmo tempo um sinal para fora das comunidades. A vocação familiar que celebramos neste segundo domingo de agosto deve nos levar a expressar para fora a importância da família bem constituída, da família que sabe aceitar-se mutuamente, que sabe levar as cruzes e resolver em conjunto os problemas, que sabe perdoar-se, conviver, crescer cada vez mais na fé. Numa realidade em que os valores fundamentais vão sendo perdidos, sabemos que são necessários testemunhos que nos incentivem a valorizar a importância da família e que as pessoas possam ver que mesmo com as dificuldades que advém das circunstâncias do dia a dia, a vivência da fé faz a diferença. Em meio a tantas propagandas contrárias à permanência e perseverança da vida de família, que os bons sinais sejam cada vez mais presentes e eficazes. Que esta pergunta: A família, como vai? Não nos faça olhar somente para as realidades familiares, mas também para cada um de nós, para que encontremos caminho eficazes de repropor a importância da vocação familiar em nossos dias.

 

A Palavra de Deus que nos é dirigida neste final de semana, 19º Domingo do Tempo comum, vem dando sequência ao que temos ouvido nos domingos anteriores: de um lado nos lembra a importância da vigilância e da fé: o verdadeiro discípulo não vive de braços cruzados, numa existência de comodismo, mas está sempre atento e disponível para acolher o Senhor, para escutar os seus apelos e para construir o Reino aqui e agora.

 

O Evangelho (Lc 12, 32-48) vem nos apresentar o quão importante é a atitude e vigilância para a vida de todo cristão, mas também de todos os seres humanos. Apresenta uma catequese sobre a vigilância. Propõe aos discípulos de todas as épocas uma atitude de espera serena e atenta do Senhor, que vem ao nosso encontro para nos libertar e para nos inserir numa dinâmica de comunhão com Deus. O verdadeiro discípulo é aquele que está sempre preparado para acolher os dons de Deus, para responder aos seus apelos e para se empenhar na construção do Reino.

 

Ele tem seu início lembrado a necessidade e a conveniência de uma vida livre de apegos a bens temporais: “‘Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 32-34). O pano de fundo desta questão é a pergunta sobre quem é o nosso Deus: o dinheiro ou o Pai que está nos céus? Logo após, apresenta então a realidade da vigilância: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar” (Lc 12, 35-37). A palavra de Deus vem então nos falar dessa vigilância em acolher o Senhor que chega, que vem ao nosso encontro, de forma inesperada. Usando a imagem de servos que esperam o senhor voltar de uma festa, assim o cristão deve estar sempre atento aos sinais do Senhor que vem a nós e que passa. Estar preparados porque não sabemos nem o dia nem a hora! Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes’ (Lc 12, 40). Seguidamente temos a indagação de Pedro sobre os destinatários da parábola, ao que segue a resposta do Senhor com a seguinte conclusão: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido” (Lc 12,48)! Ante a realidade de um mundo onde se busca unicamente ter para si e não se preocupar com o outro, somos chamados a viver conscientes de que estamos com os pés neste mundo, mas temos contas a prestar diante de Deus. Por isso somos chamados a ser vigilantes e a não deixar para amanhã a nossa vida de conversão, de entrega a Deus e de fazer o bem ao outro. Quando menos esperarmos, nossa hora chegará. Vigiamos não por medo, mas porque temos consciência da missão que o Senhor nos confiou.

 

A primeira leitura deste domingo (Sb 18, 6-9) fala-nos da noite da libertação: A noite da libertação fora predita a nossos pais; Ela foi esperada por teu povo, como salvação para os justos e como perdição para os inimigos. Com efeito, aquilo com que puniste nossos adversários, serviu também para glorificar-nos, chamando-nos a ti. Os piedosos filhos dos bons ofereceram sacrifícios secretamente e, de comum acordo, fizeram este pacto divino: que os santos participariam solidariamente. 

 

O “sábio” que nos fala na leitura assegura que só a fidelidade aos caminhos de Deus gera vida e libertação; e que ceder aos impulsos do egoísmo e da injustiça gera sofrimento e morte. Hoje, como ontem, num mundo de trevas em relação aos valores, nem sempre parece fazer sentido trilhar o caminho do bem, da verdade, do amor, do dom da vida. Na realidade, onde é que está o caminho da verdadeira felicidade? Ceder ao mais fácil, à moda, ao “politicamente correto”, ou na fidelidade aos valores do Evangelho, ao chamado de Jesus? Como é que eu me situo face às pressões que, todos os dias, a opinião pública ou a moda me impõem? Devemos preparar-nos para que, quando o Senhor passar, possamos estar disponíveis às maravilhas de Graça e Misericórdia que Ele tem a nos oferecer.

 

Essa realidade aparece com muita clareza quando lidamos com a questão da fé, que vai nos ser apresentada na segunda leitura, esta clássica passagem da carta aos Hebreus (Hb 11, 1-2.8-19): apresenta o que é a fé assim como apresenta belos exemplos desta realidade, onde cada versículo mereceria uma reflexão da nossa parte: A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia. Foi pela fé que ele residiu como estrangeiro na terra prometida, morando em tendas com Isaac e Jacó, os coerdeiros da mesma promessa. Pois esperava a cidade alicerçada que tem Deus mesmo por arquiteto e construtor. Foi pela fé também que Sara, embora estéril e já de idade avançada, se tornou capaz de ter filhos, porque considerou fidedigno o autor da promessa. É por isso também que de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão ‘comparável às estrelas do céu e inumerável como a areia das praias do mar’. Todos estes morreram na fé. Não receberam a realização da promessa, mas a puderam ver e saudar de longe e se declararam estrangeiros e migrantes nesta terra. Os que falam assim demonstram que estão buscando uma pátria, e se se lembrassem daquela que deixaram, até teriam tempo de voltar para lá. Mas agora, eles desejam uma pátria melhor, isto é, a pátria celeste. Por isto, Deus não se envergonha deles, ao ser chamado o seu Deus. Pois preparou mesmo uma cidade para eles.

 

O autor convida os fiéis a confiar na posse dos bens futuros, anunciados por Deus, mas invisíveis agora. A nossa caminhada nesta terra está marcada pela finitude, pelas nossas limitações, pelo nosso pecado; mas isso não pode fazer-nos desanimar e desistir: viver de fé é apontar para a vida plena que Deus nos prometeu e caminhar ao seu encontro. É esta esperança que nos anima e que marca a nossa caminhada, sobretudo nos momentos mais difíceis, em que tudo parece desmoronar-se e as coisas deixam de fazer sentido.

 

Portanto, irmãos, estar vigilantes para quando o Senhor passar, assim como o povo de Deus estava vigilante quando o Senhor passou e tirou do Egito. Ao mesmo tempo, é pela fé que deixamos essa realidade se fazer presente em nosso meio. Mesmo a promessa feita a nosso pai na fé Abraão não se realizou de maneira imediata, só no seu devido tempo.

 

Que escutemos com atenção a palavra de Deus dirigida neste domingo, ao iniciarmos a semana nacional da família, ao rezarmos pelos pais, enquanto pedimos o dom da vigilância e o dom da fé. Não deixemos para amanhã a conversão. Vivamos o hoje, o agora da Graça de Deus, do Cristo que passa, pois o ontem já se foi e não sabemos se o amanhã chegará. Procuremos fazer o bem e ajudar a quem precisa hoje. O salmo responsorial vem nos lembrar exatamente desta realidade: No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos! Que saibamos fazer a nossa parte enquanto famílias cristãs, trilhando os caminhos do Senhor e, vivendo a fé, esperar aquilo que ainda não vemos.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro

 

Fonte: Vatican News

Murilo: canonização de Irmã Dulce é ‘alegria e compromisso’

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Murilo: canonização de Irmã Dulce é ‘alegria e compromisso’

 

Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, antecipa a programação das celebrações e marca encontro com o povo brasileiro no dia 20 de outubro, na Arena Fonte Nova, em Salvador, para missa em honra da nova Santa”.

Papa Francisco em Recente Canonização no Vaticano - Foto: Vatican Media

Papa Francisco em Recente Canonização no Vaticano – Foto: Vatican Media

 

Irmã Dulce, a primeira mulher nascida no Brasil que se tornará santa, será canonizada no dia 13 de outubro de 2019, durante o Sínodo para a Amazônia, em uma celebração presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano.

 

Anjo Bom da Bahia

 

Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, a irmã Dulce, era conhecida como Anjo Bom da Bahia, em função do trabalho social com os pobres em Salvador (BA). Começou prestando assistência à comunidade favelada dos bairros de Alagados e de Itapagipe e depois fundou a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário de Salvador e o Círculo Operário da Bahia, que promovia atividades culturais e recreativas, além de uma escola de ofício. Em 1949, acolheu no galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio cerca de 70 doentes recolhidos das ruas de Salvador. O episódio é considerado a origem da OSID (Obras Sociais Irmã Dulce), instituição filantrópica fundada por ela dez anos depois.

 

Dom Murilo Krieger - Arcebispo Primaz do Brasil - Foto: Arquidiocese de Salvador

Dom Murilo Krieger – Arcebispo Primaz do Brasil – Foto: Arquidiocese de Salvador

 

Em declaração exclusiva ao Vatican News, o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, falou da “alegria imensa pela canonização da nossa pequenina, humilde e batalhadora Irmã Dulce dos pobres”.

 

Alegria e compromisso

 

“Será uma ocasião de encorajamento a todos para buscar a santidade. Irmã Dulce veio nos dizer que cada época tem seus santos, mas todos têm em comum o amor a Deus, o amor ao próximo e a dedicação, especialmente aos preferidos de Jesus, os mais pequeninos”.

 

Programa das celebrações

 

“Irmã Dulce deixou uma obra que agora precisa ser continuada. Dia 13 de outubro vamos participar da missa presidida pelo Papa Francisco. No dia 14, haverá uma missa na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses (Roma) em ação de graças pelo dom que Salvador, a Bahia e o Brasil estão recebendo. No dia 20, às 16h, na Arena Fonte Nova (Salvador/BA), vamos presidir a missa em honra daquela que já estará nos altares”.

 

Ouça o áudio:

 

Silvonei José/Cristiane Murray – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Santa Sé reitera inviolabilidade do segredo da Confissão

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Santa Sé reitera inviolabilidade do segredo da Confissão

 

Entrevistado pelo Vatican News, o cardeal Mauro Piacenza explica a Nota da Penitenciaria Apostólica sobre a importância do foro interno e a inviolabilidade do sigilo sacramental: “o sacerdote – diz ele – não é o dono da Confissão, mas age em nome de Deus”. Que nenhuma “ação política ou iniciativa legislativa” – é enfatizado no texto publicado – force a inviolabilidade do sigilo sacramental.

 

Inviolabilidade do Sigilo Sacramental - Foto: Vatican Media

Inviolabilidade do Sigilo Sacramental – Foto: Vatican Media

Após o Curso sobre o foro interno, o trigésimo, realizado em março passado no Palácio da Chancelaria em Roma, e a audiência do Papa concedida ao final do encontro aos mais de 700 participantes, a Penitenciaria Apostólica publicou uma nota sobre a importância do foro interno e a inviolabilidade do sigilo sacramental, aprovada pelo Papa Francisco e assinada pelo Penitenciário-Mor, cardeal Mauro Piacenza, e pelo regente Mons. Krzysztof Nykiel.

 

A apresentação do Cardeal Piacenza

 

Na apresentação do documento, o cardeal Piacenza explica como precisamente o Pontífice tenha recordado a natureza sagrada do foro interno, “a esfera íntima da relação entre Deus e os fiéis”, nem sempre corretamente entendida e custodiada, até mesmo dentro da própria comunidade eclesial: o Papa – ressalta o purpurado – de fato recomendava o quanto o conceito de foro interno deveria ser “seriamente” levado em consideração, sem ecos “externos”, e reafirmando a absoluta inviolabilidade do sigilo sacramental, garantia “indispensável” do Sacramento da Reconciliação.

 

Confidencialidade inviolável

 

A Penitenciaria Apostólica – explica o cardeal – bem conhece o “inestimável valor do segredo sacramental, da confidencialidade, da inviolabilidade da consciência”, conceitos que “atualmente parecem ser em grande parte mal interpretados ou até mesmo, em alguns casos, confrontados”.

 

Penitenciaria Apostólica reitera inviolabilidade do sigilo sacramental

 

A nota – acrescenta – “toma como ponto de partida” a constatação de que, na sociedade moderna “fortemente midiatizada’”, ao desenvolvimento tecnológico e à implementação dos meios de comunicação não corresponde um “análogo compromisso pela busca da verdade”, mas sim o “desejo mórbido de fazer circular as notícias, verdadeiras ou falsas que sejam, ampliadas ou diminuídas de acordo com os interesses”.

 

Penitente fala com Deus

 

Neste contexto, há quem gostaria que o ordenamento jurídico da Igreja “se adequasse àquele dos Estados em que ela vive, em nome de uma suposta justiça e transparência”.

 

A Penitenciaria Apostólica considera, portanto, “urgente” – afirma o cardeal – recordar a “absoluta inviolabilidade do sigilo sacramental”, fundado no “direito divino”, sem exceções.

 

Por esta razão, é “essencial” insistir na “incomparabilidade entre sigilo confessional e sigilo profissional” observado por médicos, farmacêuticos, advogados. O penitente, de fato – observa o purpurado –  fala “a Deus”.

 

Qualquer “ação política ou iniciativa legislativa” voltada a “forçar” a inviolabilidade do sigilo sacramental constituiria – lê-se na Nota – uma “inaceitável ofensa contra a libertas Ecclesiae“, que não recebe a própria legitimidade de Estados individuais, mas precisamente de Deus.

 

Proteção das crianças

 

A nota também trata – destaca a Penitenciária Maior – do âmbito jurídico-moral daqueles “atos de foro interno que ocorrem fora do sacramento da Penitência”, aos quais o Direito Canônico garante um “sigilo especial”.

 

E trata ainda das outras “espécies” de segredo, que ultrapassam o âmbito do foro interno, reafirmando “o princípio do direito natural em custodiar o segredo”.

 

O Cardeal Piacenza precisa, ademais, que o texto da nota “não pode e não quer de forma alguma ser uma justificação ou uma forma de tolerância em relação aos execráveis ​​casos de abusos perpetrados por membros do clero”: “nenhum acordo é aceitável no que tange à promoção da proteção de menores e das pessoas vulneráveis ​​e no prevenir e combater toda forma de abuso”, como repetidamente reiterado pelo Papa Francisco.

 

A nota especifica como “a defesa do sigilo sacramental e a santidade da confissão nunca poderão constituir formas de conivência com o mal”, sublinhando o como pertence “à estrutura do próprio Sacramento da Reconciliação, como condição para a sua validade, o arrependimento sincero, juntamente com o firme propósito de emendar-se e de não reiterar o mal cometido”.

 

A entrevista com o Cardeal Piacenza

 

Entrevistado pelo Vatican News, o cardeal Piacenza explica as razões da nota publicada nesta segunda-feira:

  1. – Há algum tempo circulam alguns discursos, feitos em determinados ambientes, se o confessor não pode ou até mesmo não teria o dever – eventualmente ouvindo certos pecados do penitente – de denunciar ou obrigar, para poder dar a absolvição, o próprio penitente a se auto acusar. Ora, aqui estamos em um foro sacramental e em um foro sacramental não pode haver nenhuma concessão, porque o sacerdote não é o patrão da Confissão, mas age em nome de Deus: ninguém jamais poderia absolver dos pecados, mas é somente Deus quem absolve. Portanto, é uma graça que é dada e que vem diretamente do valor do Preciosíssimo Sangue do Crucificado, em sua imensa misericórdia para com todos os pecadores. No entanto, isso não diminui em nada a gravidade de certos fatos. Além disso, na Confissão também há sérios deveres por parte do penitente, porque o penitente deve realmente estar arrependido na matéria da qual ele se confessa, deve ter o firme propósito de não voltar a cometer o crime ou pecado que cometeu. E depois, naturalmente, existe sempre, no colóquio entre o confessor e o penitente, todo um discurso de acompanhamento.

 

O contexto ao qual o senhor faz referência também está ligado aos casos de abusos sexuais de menores e pessoas vulneráveis ​​por membros do clero?

  1. – Também, claro. Aqui, porém, falamos da Confissão – não de outras censuras ou de outras coisas – de foro interno, isto é, a confissão de determinados pecados que também são crimes graves: se existe a confissão, eles se enquadram em um sigilo sacramental que é absolutamente inviolável por parte de todos.

 

O senhor fazia menção a um certo preconceito negativo em relação à Igreja Católica. Existiria, neste sentido, o desejo de que a Igreja se conformasse às leis civis dos Estados em certos temas?

  1. – Às vezes sim, sente-se um pouco uma injustificável intenção de que a Igreja, em alguma matéria, venha a homologar seu próprio ordenamento jurídico às leis civis dos Estados em que atua, vive, como se essa fosse a única garantia de correção e retidão. Mas a Igreja tem em si a possibilidade de ter toda a seriedade e a retidão possíveis e imagináveis. Isso não incide, obviamente, no fato de que o Estado proceda de seu próprio modo: isso é lógico. E se deve colaborar, mas em tudo que não é um foro sacramental.

 

A nota se atém na absoluta inviolabilidade do sigilo sacramental, sobre o qual também tem se pronunciado o Papa Francisco, como na audiência que concedeu aos participantes do curso de Foro interno. Em particular, do que se trata?

  1. – De não assumir uma mentalidade relativista sobre o sigilo sacramental, fazendo de novo referência à base teológica e, portanto, ao próprio fato de que a pessoa que absolve é o próprio Deus. Assim, o sigilo sacramental e a confidencialidade inerente ao foro interno, também essa sacramental, são elementos a serem recordados e aos quais, sobretudo os confessores, devem se referir continuamente.

 

Também são mencionados “Foro interno não-sacramental” e “direção espiritual”. Do que se trata?

  1. – Por exemplo, a direção espiritual, ou a orientação das almas para o discernimento, para saber o que Deus quer de uma alma: esta é uma conversa, e portanto, não faz parte, não é um sacramento evidentemente. Procura-se um sacerdote, pede-se um conselho e, nesse sentido, não é dito que deva ser necessariamente somente um sacerdote, pode ser uma pessoa pela qual se tem profunda estima pela sua santidade de vida, pela correção de comportamento, a caridade. Portanto, este é um âmbito que é secreto, mas é extra-sacramental, portanto não está sujeito à mesma disciplina de sigilo, porém requer uma particular confidencialidade.

 

Então, qual objetivo que esta nota quer alcançar?

  1. – Repassar a clareza de ideias a todos aqueles que são ministros do Sacramento da Confissão e alertar aqueles que abriram algumas brechas em relação a este ponto. E dar sempre maior confiança, também neste tempo, aos penitentes que vêm para confessar e às pessoas que vêm abrir suas almas para receber conselhos. E portanto, em última análise, ajudar a causa do sacrifício de Cristo, que veio tirar os pecados do mundo.

 

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News