Papa: não reduzir a religião somente à prática da Lei

5 de agosto de 2018 Aconteceu...

Papa: não reduzir a religião somente à prática da Lei

 

“É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião à prática das leis, projetando em nosso relacionamento com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem executar as tarefas que o patrão designou, para ter a sua benevolência”, disse o Papa em sua alocução.

 

Resistir à tentação de “reduzir a religião somente à prática das leis, projetando em nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões”.

Papa Francisco da janela do apartamento pontifício - Foto: Vatican Media

Papa Francisco da janela do apartamento pontifício – Foto: Vatican Media

No Angelus deste XVIII Domingo do Tempo Comum, falando aos milhares de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro a uma temperatura de 30ºC, o Papa exortou a “cultivar nossa relação” com Jesus, “fortalecer nossa fé n’Ele, que é o “pão da vida”.

 

Inspirado no Evangelho de João proposto pela liturgia deste domingo, o Papa recorda que “a Jesus não basta que as pessoas o procurem, ele quer que as pessoas o conheçam; quer que a busca por Ele e o encontro com Ele ultrapasse a satisfação imediata das necessidades materiais”:

Jesus veio para nos trazer algo mais, a abrir a nossa existência a um horizonte mais amplo em relação às preocupações cotidianas do alimentar-se, vestir-se, da carreira e assim por diante. Por isso, voltando-se a multidão, exclama: «Me buscais não porque vistes sinais, mas porque comestes daqueles pães e vos saciastes»”.

 

Desta forma,  “estimula as pessoas a darem um passo em frente, a interrogarem-se sobre o significado do milagre e não apenas para tirar proveito dele”.

 

Angelus de 5 de agosto de 2018

 

O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes – explicou Francisco – “é sinal do grande dom que o Pai deu à humanidade, que é o próprio Jesus!”:

Ele, verdadeiro “pão da vida”, quer saciar não apenas os corpos, mas também as almas, dando o alimento espiritual que pode satisfazer a fome mais profunda. Por isso convida a multidão a procurar não a comida que não dura, mas aquela que permanece para a vida eterna. Trata-se de um alimento que Jesus nos dá todos os dias: sua Palavra, seu Corpo, seu Sangue”.

 

Também nós – como a multidão na época – ouvimos o convite de Jesus, mas não entendemos seu significado. As pessoas pensam que Jesus pede a elas “para observarem os preceitos para obter outros milagres, como a multiplicação dos pães”:

É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião somente à prática das leis, projetando em nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem executar as tarefas que o patrão determinou, para ter a sua benevolência. Isto o sabemos todos”.

 

À multidão que quer saber de Jesus que ações deve fazer para agradar a Deus, Jesus dá uma resposta inesperada: “A obra de Deus é que vocês acreditem naquele que ele enviou”:

Essas palavras são dirigidas também a nós hoje: a obra de Deus não consiste tanto no “fazer” coisas, mas em “crer” n’Aquele que Ele enviou. Isto significa que a fé em Jesus nos permite realizar as obras de Deus. Se nos deixarmos envolver nesta relação de amor e confiança com Jesus, poderemos fazer boas obras que perfumam de Evangelho, pelo bem e às necessidades dos irmãos”.

 

E se é importante preocupar-nos com o pão – disse o Papa – mais importante ainda “é cultivar nossa relação com Ele, fortalecer nossa fé n’Ele, que é o “pão da vida”, vindo para saciar a nossa fome de verdade, a nossa fome de justiça, a nossa fome de amor”.

 

“Que a Virgem Maria – disse ao concluir –  no dia em que recordamos a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior – a Salus populi romani –  em Roma, nos sustente em nosso caminho de fé e nos ajude a nos abandonarmos com alegria ao plano de Deus para nossas vidas”.

 

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

 

Fonte: Vatican Media